São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2004

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FRENTE AMPLA

Presidente apóia iniciativa da CUT de entendimento entre trabalhadores, empresários e governo pelo crescimento

Lula endossa proposta de "contrato social"

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva endossou ontem a proposta da CUT (Central Única dos Trabalhadores) de promover um pacto social entre trabalhadores, empresários e governo. Segundo ele, esse novo contrato social deve estabelecer metas de crescimento econômico para o país, além de metas de inflação.
"Nós estamos vivendo um momento muito bom, porque eu, quando pego o jornal e vejo que o movimento sindical dos trabalhadores e o movimento sindical dos empresários, no caso CUT e Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], começam a discutir a possibilidade da construção de um acordo para discutir com o governo, é tudo que eu acho que deve acontecer no Brasil: a construção de um novo contrato social, em que a gente possa estabelecer metas de crescimento, metas de inflação", declarou Lula em seu programa quinzenal de rádio "Café com o Presidente".
A proposta da CUT, divulgada na semana passada, prevê que, nos três anos de pacto, cada agente econômico terá de ceder.
O setor produtivo seria submetido a uma regra para controlar preços e ainda se comprometeria a fazer investimentos. O governo reduziria a carga tributária. Já o setor financeiro se comprometeria a baixar o custo dos empréstimos e aumentar a oferta de crédito. Na proposta, os trabalhadores reduziriam as pressões por aumentos salariais.
O objetivo do pacto seria garantir sustentabilidade para o crescimento econômico. A idéia ganhou força depois da sinalização do Banco Central de que as taxas de juros podem ser elevadas para conter uma ameaça de alta na inflação, ameaçando o crescimento.
Ao elogiar a proposta, o presidente disse ainda que, na construção desse novo contrato, devem ser estabelecidas metas de crescimento e de inflação. "E que a gente possa ver esse país crescer mais harmonicamente", afirmou.
Na sexta, ao ser questionado sobre a proposta da CUT, o ministro Antonio Palocci (Fazenda) mostrou discordar da idéia: "Seria absolutamente inadequado, um equívoco, buscarmos alterar o caminho [da política econômica]".
Sobre a idéia de os trabalhadores reduzirem a pressão por aumentos, Palocci disse: "Se for essa questão, eu sugiro que não o faça". Ontem, sua assessoria de imprensa informou que o ministro não teria nada a acrescentar.
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, tem outra avaliação. "É importante que se faça uma tentativa, mas é preciso estar ciente das limitações. Um conjunto de entidades não controla toda a sociedade, além de existirem variáveis como os mercados internacionais", disse o ministro à Folha.
Lula disse estar "convencido" de que o Brasil terá "um crescimento sustentável". "Nós estamos colhendo o que nós plantamos. E vamos colher mais", declarou. "É importante lembrar que o que nós estamos colhendo, não foi plantado agora. Isso foi plantado desde o ano passado, ou seja, você não começa a crescer hoje porque investiu ontem."
Ele relatou que evitou dar declarações quando os dados sobre o crescimento da economia no primeiro semestre foram divulgados, revelando uma expansão de 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em relação ao mesmo período do ano passado. "Eu evitei dar declarações sobre o crescimento, porque eu também não quero ficar passando só euforia."
Lula disse também que o governo está "pensando nos grandes projetos de infra-estrutura" que serão feitos em 2005 para assegurar o crescimento. "Em 2004, o crescimento já está consolidado."


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