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FRENTE AMPLA
Presidente apóia iniciativa da CUT de entendimento entre trabalhadores, empresários e governo pelo crescimento
Lula endossa proposta de "contrato social"
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva endossou ontem a proposta
da CUT (Central Única dos Trabalhadores) de promover um
pacto social entre trabalhadores,
empresários e governo. Segundo
ele, esse novo contrato social deve
estabelecer metas de crescimento
econômico para o país, além de
metas de inflação.
"Nós estamos vivendo um momento muito bom, porque eu,
quando pego o jornal e vejo que o
movimento sindical dos trabalhadores e o movimento sindical dos
empresários, no caso CUT e Fiesp
[Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], começam a
discutir a possibilidade da construção de um acordo para discutir
com o governo, é tudo que eu
acho que deve acontecer no Brasil: a construção de um novo contrato social, em que a gente possa
estabelecer metas de crescimento,
metas de inflação", declarou Lula
em seu programa quinzenal de
rádio "Café com o Presidente".
A proposta da CUT, divulgada
na semana passada, prevê que,
nos três anos de pacto, cada agente econômico terá de ceder.
O setor produtivo seria submetido a uma regra para controlar
preços e ainda se comprometeria
a fazer investimentos. O governo
reduziria a carga tributária. Já o
setor financeiro se comprometeria a baixar o custo dos empréstimos e aumentar a oferta de crédito. Na proposta, os trabalhadores
reduziriam as pressões por aumentos salariais.
O objetivo do pacto seria garantir sustentabilidade para o crescimento econômico. A idéia ganhou força depois da sinalização
do Banco Central de que as taxas
de juros podem ser elevadas para
conter uma ameaça de alta na inflação, ameaçando o crescimento.
Ao elogiar a proposta, o presidente disse ainda que, na construção desse novo contrato, devem
ser estabelecidas metas de crescimento e de inflação. "E que a gente possa ver esse país crescer mais
harmonicamente", afirmou.
Na sexta, ao ser questionado sobre a proposta da CUT, o ministro
Antonio Palocci (Fazenda) mostrou discordar da idéia: "Seria absolutamente inadequado, um
equívoco, buscarmos alterar o caminho [da política econômica]".
Sobre a idéia de os trabalhadores reduzirem a pressão por aumentos, Palocci disse: "Se for essa
questão, eu sugiro que não o faça". Ontem, sua assessoria de imprensa informou que o ministro
não teria nada a acrescentar.
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, tem outra avaliação.
"É importante que se faça uma
tentativa, mas é preciso estar ciente das limitações. Um conjunto de
entidades não controla toda a sociedade, além de existirem variáveis como os mercados internacionais", disse o ministro à Folha.
Lula disse estar "convencido"
de que o Brasil terá "um crescimento sustentável". "Nós estamos colhendo o que nós plantamos. E vamos colher mais", declarou. "É importante lembrar que o
que nós estamos colhendo, não
foi plantado agora. Isso foi plantado desde o ano passado, ou seja,
você não começa a crescer hoje
porque investiu ontem."
Ele relatou que evitou dar declarações quando os dados sobre o
crescimento da economia no primeiro semestre foram divulgados, revelando uma expansão de
4,2% do PIB (Produto Interno
Bruto) em relação ao mesmo período do ano passado. "Eu evitei
dar declarações sobre o crescimento, porque eu também não
quero ficar passando só euforia."
Lula disse também que o governo está "pensando nos grandes
projetos de infra-estrutura" que
serão feitos em 2005 para assegurar o crescimento. "Em 2004, o
crescimento já está consolidado."
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