São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2006

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DESIGUALDADE

Mínimo é pouco eficiente no combate à pobreza, diz Ipea

DA SUCURSAL DO RIO

Estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, indica que o aumento do salário mínimo é um instrumento pouco eficiente no combate à pobreza e à extrema pobreza.
O instituto compara o custo de um aumento do mínimo com o de expansão do Bolsa-Família e conclui que o programa de transferência de renda é duas vezes e meia mais eficiente do que o aumento do salário mínimo no combate à pobreza e quase sete vezes mais efetivo no combate à extrema pobreza.
Na prática, a conta significa que com 40% dos recursos gastos com um aumento do mínimo, o Bolsa-Família é capaz de alcançar a mesma redução na pobreza. O combate à extrema pobreza requer apenas 15% dos recursos gastos com o aumento do mínimo para atingir a mesma redução, diz o estudo.
Segundo o estudo, o impacto do mínimo sobre a pobreza tende a ser limitado porque as famílias que se beneficiam dele não são as mais pobres do país. De acordo com a pesquisa, menos de 15% das famílias pobres têm ao menos um empregado formal ou informal com remuneração próxima do mínimo e apenas 6% das famílias contam com um idoso. Menos de 10% dos empregados com remuneração próxima ao mínimo vivem em famílias extremamente pobres e 30% em famílias pobres.
"O fator determinante do sucesso do Bolsa-Família é o foco nas crianças. Como 80% das famílias pobres têm crianças, todo programa de transferência centrado nelas terá naturalmente um alto grau de efetividade no combate à pobreza e à desigualdade", afirma o estudo.
Segundo Fábio Giambiagi, economista do Ipea, a redução da desigualdade pode ser maior com a alocação de recursos em programas de transferência de renda. "O aumento do mínimo tem sido estéril para atacar o problema da pobreza extrema."
O instituto destaca que o país precisa se preocupar mais com o aumento do gasto público, que tem privilegiado as transferências às famílias, especialmente nos segmentos nos quais a propensão a consumir é elevada, com destaque para os efeitos do aumento real do salário mínimo, que é repassado ao piso previdenciário.
Para o Ipea, o padrão de crescimento baseado em transferências diretas de renda do governo, financiadas pela combinação de carga tributária crescente e de níveis de investimento público deprimidos, já dá sinais de esgotamento.


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