|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DESIGUALDADE
Mínimo é pouco eficiente no combate à pobreza, diz Ipea
DA SUCURSAL DO RIO
Estudo do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, indica que o aumento do salário
mínimo é um instrumento
pouco eficiente no combate à
pobreza e à extrema pobreza.
O instituto compara o custo de um aumento do mínimo com o de expansão do
Bolsa-Família e conclui que
o programa de transferência
de renda é duas vezes e meia
mais eficiente do que o aumento do salário mínimo no
combate à pobreza e quase
sete vezes mais efetivo no
combate à extrema pobreza.
Na prática, a conta significa que com 40% dos recursos
gastos com um aumento do
mínimo, o Bolsa-Família é
capaz de alcançar a mesma
redução na pobreza. O combate à extrema pobreza requer apenas 15% dos recursos gastos com o aumento do
mínimo para atingir a mesma redução, diz o estudo.
Segundo o estudo, o impacto do mínimo sobre a pobreza tende a ser limitado
porque as famílias que se beneficiam dele não são as mais
pobres do país. De acordo
com a pesquisa, menos de
15% das famílias pobres têm
ao menos um empregado
formal ou informal com remuneração próxima do mínimo e apenas 6% das famílias contam com um idoso.
Menos de 10% dos empregados com remuneração próxima ao mínimo vivem em famílias extremamente pobres
e 30% em famílias pobres.
"O fator determinante do
sucesso do Bolsa-Família é o
foco nas crianças. Como 80%
das famílias pobres têm
crianças, todo programa de
transferência centrado nelas
terá naturalmente um alto
grau de efetividade no combate à pobreza e à desigualdade", afirma o estudo.
Segundo Fábio Giambiagi,
economista do Ipea, a redução da desigualdade pode ser
maior com a alocação de recursos em programas de
transferência de renda. "O
aumento do mínimo tem sido estéril para atacar o problema da pobreza extrema."
O instituto destaca que o
país precisa se preocupar
mais com o aumento do gasto público, que tem privilegiado as transferências às famílias, especialmente nos
segmentos nos quais a propensão a consumir é elevada,
com destaque para os efeitos
do aumento real do salário
mínimo, que é repassado ao
piso previdenciário.
Para o Ipea, o padrão de
crescimento baseado em
transferências diretas de
renda do governo, financiadas pela combinação de carga tributária crescente e de
níveis de investimento público deprimidos, já dá sinais
de esgotamento.
Texto Anterior: Dólar e gasolina derrubam IPCA para 0,05% Próximo Texto: Ranking: Brasil é o 121º em facilidade de negócios Índice
|