São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Em desaceleração, venda de automóveis atinge 2 milhões

No momento em que as vendas começam a reduzir o ritmo de crescimento, a indústria automobilística irá ultrapassar, amanhã, a marca de 2 milhões de veículos licenciados neste ano.
O feito ocorre 58 dias antes da mesma marca registrada em 2007, que só foi atingida no dia 5 de novembro.
A meta das montadoras é chegar neste ano a um total de 3 milhões de unidades licenciadas, o que provavelmente vai ser alcançado nos 80 dias úteis restantes. A média diária de licenciamentos é de 12,5 mil veículos.
A expectativa do presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Jackson Schneider, é a de que o setor fechará este ano com pouco mais de 3 milhões de veículos licenciados. O que aconteceu em agosto, a seu ver, foi apenas um crescimento menor no ritmo das vendas.
"O setor segue uma tendência natural de acomodação", afirma Schneider.
Em agosto, as vendas de automóveis registraram uma queda de 15% em relação a julho, mas ainda assim cresceram 4% em comparação ao mesmo mês do ano passado.
Até julho, as vendas estavam crescendo a um ritmo de 30% ao ano.
De acordo com Schneider, essa desaceleração no ritmo das vendas dos automóveis se deve a quatro fatores.
Em primeiro lugar, deve-se ao fato de a base de comparação -o segundo semestre do ano passado- ser mais forte. Depois, à alta dos juros. Em terceiro, ao clima mais pessimista do mercado nas últimas semanas. Por fim, ao fato de a demanda não estar tão reprimida quanto antes.
A partir de agora, Schneider diz que as vendas de automóveis devem seguir num ritmo mais lento de crescimento, até porque era inconcebível as vendas continuarem crescendo a um ritmo de 30%.
Para 2009, por exemplo, o presidente da Anfavea não descarta a possibilidade de as vendas voltarem ao patamar de um dígito de crescimento. Tudo depende do comportamento dos próximos meses.

INAUGURAÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai inaugurar, no próximo dia 15, fábrica da Klabin em Telêmaco Borba, no Paraná. Esta será uma das dez maiores fábricas de papel do mundo. O total investido soma R$ 2,2 bilhões. Com essa nova unidade, a produção da Klabin vai registrar um crescimento de 700 mil toneladas ao ano de papel para 1,1 milhão, fazendo com que a empresa se torne a sexta maior fabricante global de cartões de fibras virgens.

CAPTAÇÃO
A Caixa Econômica Federal fechou agosto com captação líquida de R$ 1,26 bilhão em poupança. Com o resultado, atingiu R$ 7,37 bilhões de captação líquida positiva em 2008, alcançando R$ 86,5 bilhões em depósitos na modalidade. A Caixa está com resultados positivos na captação líquida em poupança desde junho de 2006, contabilizando mais de R$ 21,8 bilhões nos 27 meses e elevando a participação de mercado de 32,48% para 33,92%.

MAGAL EM LONDRES
A produção da cinebiografia de Jean Charles de Menezes, brasileiro morto pela polícia britânica ao ser confundido com um terrorista no metrô londrino, fechou uma casa de espetáculos no sul da cidade para filmar amanhã um show de Sydney Magal cujas cenas serão usadas no filme. Selton Mello faz papel de Jean Charles na obra dirigida por Henrique Goldman, com roteiro dele e de Marcelo Starobinas.

PORTAS ABERTAS

O governo de Québec, no Canadá, inaugura um escritório em São Paulo para estreitar as relações comerciais com o Brasil e incentivar a imigração.
Soraia Tandel, diretora de imigração do escritório, afirma que a Província procura profissionais com até 35 anos, casados ou solteiros, com ou sem filhos, de nível técnico ou universitário e que tenham conhecimento de francês. "O brasileiro é um profissional qualificado e tem facilidade para se adaptar", afirma Tandel. Os interessados podem se informar sobre os procedimentos para pedir o visto permanente no www.imigracao-quebec.ca. Para se candidatar, é preciso pagar uma taxa de US$ 390.

Produtor chileno investe em mercado de luxo no Brasil

A vinícola chilena Chadwick, que saiu do Brasil nos anos 90, investe no mercado de luxo no país. Eduardo Chadwick, que dirige a vinícola, esteve no Brasil na sexta para apresentar a safra 2005 dos vinhos da casa e participar de um jantar cujo convite custou R$ 398. Os rótulos produzidos pela Chadwick, importados pela Expand, custam de R$ 85 a R$ 480 a garrafa.

 

FOLHA - Como o vinho chileno conquistou personalidade própria?
EDUARDO CHADWICK
- É fundamental entender em um país quais são as condições para produzir um vinho diferente do resto do mundo. O Chile tem um clima mais generoso que a Europa. Temos a cordilheira dos Andes e uma costa fria que refrescam o clima. Alguns dos vinhos do novo mundo são muito maduros e fáceis de tomar, enquanto os da velha Europa são elegantes, mas austeros. O Chile está em uma posição intermediária, com a qualidade da fruta do novo mundo e a complexidade dos vinhos europeus de alta qualidade.

FOLHA - O que o sr. acha do vinho brasileiro?
CHADWICK
- No RS e em SC, há zonas que possibilitam a produção de vinhos de qualidade. Acredito que em espumantes e brancos o Brasil pode ter futuro com seu clima quente.

FOLHA - O sr. tem feito testes às cegas para convencer os críticos sobre a qualidade do vinho da Chadwick. Quais os resultados da iniciativa?
CHADWICK
- O desafio de convencer o mercado é tão grande quanto o de produzir o melhor vinho. Temos feito isso desafiando o establishment, desafiando a mentalidade dos europeus, que têm o sistema de denominação controlada, muito formal, e desafiando o crítico norte-americano. A forma como fazemos isso é com degustações às cegas, convidando especialistas a comparar nossos vinhos com os melhores do mundo. É a supremacia do gosto. No teste, nossos vinhos superaram grandes vinhos franceses e italianos.

FOLHA - O vinho virou moda no Brasil?
CHADWICK
- Houve uma revolução fantástica. Nos anos 80, o mercado de vinhos estava pouco desenvolvido no Brasil. A supremacia era dos vinhos alemães doces, com muito açúcar. Houve uma mudança que acompanhou o desenvolvimento de uma gastronomia sofisticada e fez com que o consumidor buscasse produtos melhores. Havíamos quase abandonado o mercado brasileiro nos anos 90 e estamos entusiasmados com o potencial do mercado de luxo.

FOLHA - Como o sr. vê o consumidor brasileiro?
CHADWICK
- O Brasil cresceu e oferece oportunidade ao consumidor médio que agora acessa produtos de luxo.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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