São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

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FOLHA INVEST

Ações da Vale, que já subiram 64,04% no ano, podem cair se câmbio recuar; uso político da Petrobras preocupa

Dólar e 2003 trazem dúvida sobre fundo FGTS


ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os analistas estão divididos sobre qual é a melhor estratégia para quem tem recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) investidos em fundos de privatização da Petrobras e da Companhia Vale do Rio Doce.
Segundo dados do site Fortuna, até o dia 2 de outubro os fundos FGTS-Petrobras estavam com rentabilidade negativa de 11,81% no ano, enquanto os FGTS-Vale subiram 53,97% desde que foram criados, em 27 de março.
A dúvida em relação à Vale é se a ação, por ter se valorizado muito no ano (64,04%, até sexta-feira), não estaria em ponto de venda. Para Daniel Doll Lemos, analista da corretora Socopa, a Vale já ultrapassou o seu preço justo (R$ 78,72), e o mais indicado seria trocá-la pelas depreciadas ações da Petrobras.
Essa estratégia, no entanto, deve levar em consideração o perfil de risco do investidor. O potencial de valorização da Vale, daqui para a frente, é pequeno, mas a empresa, diz, é boa pagadora de dividendos e considerada uma proteção para períodos de turbulência.
Se o estresse e o dólar continuarem subindo, sua cotação poderá aumentar ainda mais. Se a situação acalmar, poderá perder valor, mas não muito. A tendência seria a de o investidor mantê-la, devido ao seu caráter defensivo.

Na mesma
Marco Aurélio Barbosa, analista da Coinvalores, não migraria os recursos aplicados em Vale para Petrobras nem para a conta normal do FGTS. A Vale, mesmo que não valorize muito, deverá pagar em dividendos mais que o FGTS rende. Já a Petrobras tem hoje um potencial maior de valorização, mas seu risco é alto.
Segundo Marcos Paulo Fernandes Pereira, analista da Socopa, a cotação da Petrobras não está condizente com seus bons fundamentos. O preço justo dos papéis ON seria R$ 71,23. Na última sexta, a cotação estava em R$ 45,50.
Porém a questão atual que atormenta investidores e analistas é saber como o próximo governo tratará a Petrobras: se manterá uma gestão profissional como a atual, voltada para o crescimento da empresa, ou se adotará medidas populistas, como a de controlar o preço dos combustíveis.
Os analistas acham que o risco de ingerência por parte de um novo governo seria pequeno. Se a sua receita e o seu lucro diminuírem, o próprio governo seria prejudicado. A empresa recolheria menos impostos e distribuiria menos dividendos para o governo. Por outro lado, controlar o preço da gasolina poderia se tornar uma arma no combate à inflação, mesmo que isso refletisse negativamente no balanço da companhia.
Para Luiz Carlos Mendonça de Barros, do Comitê Maxblue de Economia, devido a esse risco, os investidores devem ficar longe de qualquer ação de estatal, seja Petrobras, seja Banco do Brasil.


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