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FOLHA INVEST
Ações da Vale, que já subiram 64,04% no ano, podem cair se câmbio recuar; uso político da Petrobras preocupa
Dólar e 2003 trazem dúvida sobre fundo FGTS
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os analistas estão divididos sobre qual é a melhor estratégia para
quem tem recursos do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço) investidos em fundos de
privatização da Petrobras e da
Companhia Vale do Rio Doce.
Segundo dados do site Fortuna,
até o dia 2 de outubro os fundos
FGTS-Petrobras estavam com
rentabilidade negativa de 11,81%
no ano, enquanto os FGTS-Vale
subiram 53,97% desde que foram
criados, em 27 de março.
A dúvida em relação à Vale é se
a ação, por ter se valorizado muito
no ano (64,04%, até sexta-feira),
não estaria em ponto de venda.
Para Daniel Doll Lemos, analista
da corretora Socopa, a Vale já ultrapassou o seu preço justo (R$
78,72), e o mais indicado seria trocá-la pelas depreciadas ações da
Petrobras.
Essa estratégia, no entanto, deve
levar em consideração o perfil de
risco do investidor. O potencial de
valorização da Vale, daqui para a
frente, é pequeno, mas a empresa,
diz, é boa pagadora de dividendos
e considerada uma proteção para
períodos de turbulência.
Se o estresse e o dólar continuarem subindo, sua cotação poderá
aumentar ainda mais. Se a situação acalmar, poderá perder valor,
mas não muito. A tendência seria
a de o investidor mantê-la, devido
ao seu caráter defensivo.
Na mesma
Marco Aurélio Barbosa, analista
da Coinvalores, não migraria os
recursos aplicados em Vale para
Petrobras nem para a conta normal do FGTS. A Vale, mesmo que
não valorize muito, deverá pagar
em dividendos mais que o FGTS
rende. Já a Petrobras tem hoje um
potencial maior de valorização,
mas seu risco é alto.
Segundo Marcos Paulo Fernandes Pereira, analista da Socopa, a
cotação da Petrobras não está
condizente com seus bons fundamentos. O preço justo dos papéis
ON seria R$ 71,23. Na última sexta, a cotação estava em R$ 45,50.
Porém a questão atual que atormenta investidores e analistas é
saber como o próximo governo
tratará a Petrobras: se manterá
uma gestão profissional como a
atual, voltada para o crescimento
da empresa, ou se adotará medidas populistas, como a de controlar o preço dos combustíveis.
Os analistas acham que o risco
de ingerência por parte de um novo governo seria pequeno. Se a
sua receita e o seu lucro diminuírem, o próprio governo seria prejudicado. A empresa recolheria
menos impostos e distribuiria
menos dividendos para o governo. Por outro lado, controlar o
preço da gasolina poderia se tornar uma arma no combate à inflação, mesmo que isso refletisse negativamente no balanço da companhia.
Para Luiz Carlos Mendonça de
Barros, do Comitê Maxblue de
Economia, devido a esse risco, os
investidores devem ficar longe de
qualquer ação de estatal, seja Petrobras, seja Banco do Brasil.
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