São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

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COMÉRCIO

Redes planejam vender títulos de capitalização e explorar tíquete-alimentação, mas terão de enfrentar bancos

Varejo agora disputa espaço de financeiras

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os interesses comuns do varejo, dos bancos e das empresas de tíquete-alimentação têm feito as companhias baterem de frente.
O Pão de Açúcar, a maior cadeia do país, anunciou uma reestruturação em sua área de produtos financeiros. A rede deve vender no próximo ano títulos de capitalização -mercado que movimenta R$ 4,7 bilhões e já explorado pelo empresário Silvio Santos e pelos bancos.
Filhote do Real, esse segmento, que faturava não mais do que R$ 740 milhões em 1994, cresceu de forma acelerada. Instituições financeiras lucraram, e o varejo quer entrar na roda e vender o produto.
Não é a única novidade. Duas cadeias varejistas -entre elas a Sendas, a quinta maior do país- planejam colocar nas ruas um novo cartão-alimentação. Os projetos avançaram, e a previsão é a de lançamento ainda neste ano.
Com esse cartão, as lojas tentam barrar o vale-alimentação de outras companhias. A idéia é fechar contratos de fornecimento de cartões-alimentação do varejo para as empresas no país. O empregado usará o cartão como se fosse o tíquete, e o valor gasto será descontado do rendimento mensal do trabalhador. A meta das cadeias: deixar de pagar a taxa fixa (cobrada em cada venda) pelas empresas que são donas desse negócio -como a Accor e a VR.
Ou seja, o varejo pretende tirar do seu caminho as empresas que exploram o setor do vale-alimentação. Tudo para não ter de pagar a taxa cobrada -que varia de 0,5% a 5,5% por operação de venda. Só que essa disputa não será nada fácil. Os bancos estão de olho nesse filão também, segundo a Folha apurou.
As instituições financeiras querem lançar cartões semelhantes, para gastos em alimentação, e cobrar a taxa do varejo. As próprias cadeias varejistas já foram informadas a respeito disso.
Conclusão: enquanto o varejo planeja vender títulos de capitalização nas lojas -historicamente negociados pelos bancos-, os bancos tentam explorar o mercado de tíquete-alimentação -negócio que se tornou o novo alvo do varejo. E quem pode sair com mais escoriações são as empresas de vale-alimentação.
Essas companhias, entretanto, já entraram há tempos no mercado explorado pelos bancos. O Grupo VR, por exemplo, em parceria com a Icatu Hartford, decidiu em abril vender produtos de seguro de vida e previdência privada. Quer gerar R$ 140 milhões em negócios em cinco anos.
"Estamos avançando no projeto do nosso cartão alimentação e devemos lançá-lo ainda neste ano", afirma Luis Felipe Brandão, diretor financeiro da rede Sendas. Pensando nisso, o Pão de Açúcar anunciou a remodelação do seu cartão "Multialimentação", que substituiu o tíquete. No momento, a rede está em contato com empresas para vender o produto. Com isso, a sua forma de trabalho mudará.
Antes a loja entregava, por exemplo, R$ 100 obtidos com uma venda por meio do tíquete para a companhia. A rede não recebe os R$ 100 vendidos, mas um volume menor, já descontada a taxa de administração.



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