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COMÉRCIO
Redes planejam vender títulos de capitalização e explorar tíquete-alimentação, mas terão de enfrentar bancos
Varejo agora disputa espaço de financeiras
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os interesses comuns do varejo,
dos bancos e das empresas de tíquete-alimentação têm feito as
companhias baterem de frente.
O Pão de Açúcar, a maior cadeia
do país, anunciou uma reestruturação em sua área de produtos financeiros. A rede deve vender no
próximo ano títulos de capitalização -mercado que movimenta
R$ 4,7 bilhões e já explorado pelo
empresário Silvio Santos e pelos
bancos.
Filhote do Real, esse segmento,
que faturava não mais do que R$
740 milhões em 1994, cresceu de
forma acelerada. Instituições financeiras lucraram, e o varejo
quer entrar na roda e vender o
produto.
Não é a única novidade. Duas
cadeias varejistas -entre elas a
Sendas, a quinta maior do país-
planejam colocar nas ruas um novo cartão-alimentação. Os projetos avançaram, e a previsão é a de
lançamento ainda neste ano.
Com esse cartão, as lojas tentam
barrar o vale-alimentação de outras companhias. A idéia é fechar
contratos de fornecimento de cartões-alimentação do varejo para
as empresas no país. O empregado usará o cartão como se fosse o
tíquete, e o valor gasto será descontado do rendimento mensal
do trabalhador. A meta das cadeias: deixar de pagar a taxa fixa
(cobrada em cada venda) pelas
empresas que são donas desse negócio -como a Accor e a VR.
Ou seja, o varejo pretende tirar
do seu caminho as empresas que
exploram o setor do vale-alimentação. Tudo para não ter de pagar
a taxa cobrada -que varia de
0,5% a 5,5% por operação de venda. Só que essa disputa não será
nada fácil. Os bancos estão de
olho nesse filão também, segundo
a Folha apurou.
As instituições financeiras querem lançar cartões semelhantes,
para gastos em alimentação, e cobrar a taxa do varejo. As próprias
cadeias varejistas já foram informadas a respeito disso.
Conclusão: enquanto o varejo
planeja vender títulos de capitalização nas lojas -historicamente
negociados pelos bancos-, os
bancos tentam explorar o mercado de tíquete-alimentação -negócio que se tornou o novo alvo
do varejo. E quem pode sair com
mais escoriações são as empresas
de vale-alimentação.
Essas companhias, entretanto,
já entraram há tempos no mercado explorado pelos bancos. O
Grupo VR, por exemplo, em parceria com a Icatu Hartford, decidiu em abril vender produtos de
seguro de vida e previdência privada. Quer gerar R$ 140 milhões
em negócios em cinco anos.
"Estamos avançando no projeto
do nosso cartão alimentação e devemos lançá-lo ainda neste ano",
afirma Luis Felipe Brandão, diretor financeiro da rede Sendas.
Pensando nisso, o Pão de Açúcar
anunciou a remodelação do seu
cartão "Multialimentação", que
substituiu o tíquete. No momento, a rede está em contato com
empresas para vender o produto.
Com isso, a sua forma de trabalho
mudará.
Antes a loja entregava, por
exemplo, R$ 100 obtidos com
uma venda por meio do tíquete
para a companhia. A rede não recebe os R$ 100 vendidos, mas um
volume menor, já descontada a
taxa de administração.
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