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LUÍS NASSIF
Tributo a mr. Link
Do geólogo José Coutinho Barbosa, 38 anos de
Petrobras, presidente por curto
tempo em 1999 e, depois, diretor de Exploração e Produção,
recebo o e-mail a seguir:
"Sua coluna da referência representa, de fato, a verdadeira
homenagem da imprensa à Petrobras, pois nenhuma outra
reportagem teve conteúdo tão
preciso e verdadeiro. Sua referência a mr. Walter Link deixou-me sobremaneira feliz.
Quantas inverdades, cunhadas
em preconceitos e desconhecimento, têm sido divulgadas sobre esse notável personagem.
Link estruturou a Petrobras
em moldes tão modernos que
seus fundamentos permanecem até o presente. O então distrito é hoje a unidade de negócios; o geólogo do distrito agora
é o gerente-geral da UN; orçamentos e programas físicos
eram negociados entre sede e
os distritos, que tinham bastante autonomia e flexibilidade.
Link assumiu em 1954 e já
em 1955 selecionou e enviou
técnicos brasileiros para cursos
de dois anos nas melhores universidades americanas. Link
atuou sem datas a celebrar,
pois sua missão era organizar,
treinar o pessoal e ao mesmo
tempo avaliar todas as nossas
áreas sedimentares terrestres,
sem preocupação com descobertas fáceis que gerassem
manchetes.
A ênfase no treinamento e
aperfeiçoamento de pessoal felizmente foi continuada nas
administrações subsequentes,
notadamente por Carlos Walter Marinho Campos, um dos
jovens que Link enviou na década de 50 para o Colorado
School of Mines.
O tão falado Relatório Link,
contendo a avaliação geológica
de nossas bacias sedimentares,
foi elaborado pelos geólogos
que chefiavam os distritos de
exploração, dos quais seis eram
brasileiros e oito estrangeiros,
todos assessorados pelos respectivos estafes.
Com base nos dados existentes à época (1960), as bacias
geológicas foram classificadas
em A, B, C e D, sendo A bacias
com descobertas comerciais
(Recôncavo) e D áreas consideradas sem possibilidades e nas
quais as atividades exploratórias deveriam ser encerradas.
Como D, foram classificadas as
bacias paleozóicas do Amazonas, à exceção do Médio Amazonas, devido às ocorrências de
petróleo subcomercial em Autas Mirim e Nova Olinda, bacia paleozóica do Paraná, que
se estende pelos Estados do Sul,
vindo até São Paulo, bacia cretácea de Barreirinhas (MA),
bacia do Maranhão, Acre etc.
Geologia não é ciência exata,
porém os acertos das conclusões contidas no Relatório ultrapassam de longe os eventuais enganos, e, acima de tudo, como você mostra em sua
coluna, Link salvou a Petrobras de esgotar seus recursos
nas bacias de idade paleozóica,
tipo D.
Ao final Link, recomendava
direcionar recursos para países
nos quais concessões poderiam
ser obtidas e as chances de encontrar petróleo eram boas.
Doze anos depois, em 1972, na
administração do general Ernesto Geisel, a Petrobras deu
cumprimento àquela recomendação, criando a Braspetro,
que logo no primeiro ano de
atuação encontrou dois campos gigantes no Iraque.
Está na hora de a Petrobras
dar o devido reconhecimento a
um grande homem, um brasileiro que criou tantas ligações
com o Brasil, que voltou para
seu país levando duas crianças
brasileiras adotadas".
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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