São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BARRIL DE PÓLVORA

Presidente da venezuelana prevê mínimo de US$ 30 o barril

Para PDVSA, óleo só cairá em 2005

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da estatal venezuelana de petróleo PDVSA, Alí Rodriguez, previu ontem no Rio que o preço do barril só cairá a partir do segundo trimestre de 2005. A queda, disse ele, será lenta e a cotação não ficará abaixo do patamar de US$ 30 o barril.
"Ainda vamos conviver com um preço alto até o final deste ano e no início de 2005", afirmou Rodriguez, que está no Brasil para participar da Rio Oil & Gas.
Para ele, o fator mais importante para a alta do preço do óleo é a "especulação do mercado futuro" de petróleo, que negocia "irreais" 160 milhões de barris de óleo por dia. Somada a produção de óleo dos países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) -30 milhões de barris/dia- e dos não pertencentes ao cartel -54 milhões de barris/dia-, a extração mundial é de cerca de 84 milhões de barris/dia.
Na visão dele, não há um desequilíbrio entre oferta e demanda que justifique a disparada das cotações do óleo, já que o consumo total é de 81 milhões de barris/dia. Portanto, há uma sobreoferta de 3 milhões de barris diários.
Dois outros fatores, segundo ele, também puxam os preços para cima: a crise geopolítica, deflagrada pela invasão do Iraque, e o descompasso entre oferta e consumo nos Estados Unidos, que importam cada vez mais petróleo.
Para Rodriguez, a saída para países como Brasil e Venezuela é tentar valorizar ao máximo o preço do óleo pesado (produzido nos dois países).

Negócios
Rodriguez também falou de oportunidades de negócios da PDVSA no Brasil e na América do Sul. Citou as conversas ainda não conclusivas com a Ipiranga, que estaria disposta a se desfazer de sua rede de postos (a segunda maior do Brasil) e seus ativos petroquímicos. Segundo ele, não ocorreram, porém, negociações formais entre as duas companhias.
A Ipiranga nega que tenha havido qualquer negociação com a estatal venezuelana.
Rodriguez mencionou também a possibilidade de adquirir a rede de postos da Shell na Argentina. Nesse caso também, diz ele, não há nada de concreto. "Estamos analisando essas oportunidades", afirmou.
O presidente da PDVSA disse ainda que esteve reunido com representantes do governo do Rio, que ofereceu incentivos fiscais para a PDVSA, uma das maiores produtoras de óleo do mundo, instalar uma refinaria no Estado. O negócio, diz, está "em estudo". A PDVSA produz hoje 3,1 milhões de barris/dia.
Apesar da oferta do Rio, Rodriguez não descartou a possibilidade de investir numa refinaria em Pernambuco, na área do porto de Suape. Já existe um protocolo assinado com o governo local.
Ele falou da possibilidade de troca de tecnologia entre a Petrobras e a PDVSA e a criação da Petroamérica, um sonho do presidente venezuelano Hugo Chávez, que reuniria, além das duas, a Pemex (México).
Numa reunião com a diretoria da Petrobras na manhã de ontem, ficou acertada a cooperação da estatal brasileira na área de exploração em águas profundas, em troca do fornecimento de tecnologia de refino de óleo pesado da PDVSA.


Texto Anterior: Capitalismo vermelho
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.