São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

País precisa de reformas, diz agência

DE NOVA YORK

O Brasil precisa de reformas para transformar a atual fase de recuperação econômica em tendência sustentável de crescimento, avaliou a agência de classificação de risco Standard & Poor's em relatório divulgado ontem. "A estabilização macroeconômica por si só não garante crescimento sustentável", afirma o texto.
Segundo a S&P, que recentemente melhorou a classificação (rating) da dívida brasileira para BB- com perspectiva estável, os diferentes governos do país têm "sucessivamente fracassado em solucionar problemas estruturais nas contas públicas".
O relatório elogia o recente resultado do superávit primário e ressalta uma melhora na condução da política monetária. Mas afirma que fraquezas "operacionais e institucionais" ainda comprometem sua eficácia.
"A lista de reformas é ampla, e qualquer expectativa de aprovação total dessas medidas não é realista. Entretanto a adoção e a implementação de alguns aspectos cruciais do programa, sustentada pela rígida política macroeconômica e pela redução das vulnerabilidades externas, fortaleceria a percepção de crédito sobre o país e resultaria num aumento contínuo de seu rating de crédito", escreveram as analistas Helena Hessel e Lisa Schineller.
As duas abordaram os sistemas tributário e financeiro, além de tratar de aspectos dos sistemas institucional e legal com influência direta sobre operações do setor privado.

Tipos de reforma
As reformas vistas como necessárias pela agência se dividem entre as que visam o melhor funcionamento da economia e aquelas que se referem à condução apropriada, em termos de momento, de mudanças no setor público.
No primeiro caso, a S&P cita a remoção de barreiras ao investimento, além da reversão de medidas que incentivam o emprego informal, a simplificação e a otimização do setor financeiro e o aprofundamento da liberalização com vistas aos investimentos externos. Os ganhos, diz o relatório, viriam sob a forma de produtividade no mercado de trabalho, capital e, conseqüentemente, crescimento econômico.
"O crescimento em si reduziria o peso produzido pelos altos custos da dívida brasileira sobre a economia do país", afirmam as analistas. "Da perspectiva do crédito, um benefício igualmente importante seria a redução das desigualdades na distribuição de renda, da pobreza e do agravamento dos problemas sociais. Isso, por sua vez, conquistaria maior apoio político e público para a adoção de uma posição fiscal apropriadamente prudente."
(LUCIANA COELHO)


Texto Anterior: Para analistas, governo escolhe momento certo
Próximo Texto: Trabalho: "Saída honrosa" pode pôr fim à greve
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.