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CRISE NO AR
Com promessa de retomar atividades hoje, aérea cancela vôos em 26 trechos por baixa ocupação, a fim de evitar prejuízos
Sem clientes, WebJet não voa há três dias
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
A companhia aérea de baixas tarifas WebJet, que opera regularmente desde 12 de julho deste
ano, não voou nenhum de seus 26
trechos nos últimos três dias.
Segundo a empresa, não houve
imprevistos nem problemas operacionais com o único avião que
possui. A decisão de parar de voar
de terça até ontem foi tomada pela própria aérea, para evitar prejuízos pela baixa ocupação.
"Não faria sentido fazer os vôos,
não compensaria sair do chão",
revelou Rogério Ottoni, diretor-presidente da WebJet. "Foi uma
ação preventiva. Teríamos menos
de 40% de ocupação."
A companhia afirma que voará
normalmente a partir de hoje,
mas não descarta novas paralisações. "Não vou dizer que não vou
fazer, mas não temos previsão de
outros cancelamentos."
Os passageiros que haviam
comprado passagens para os últimos três dias, segundo Ottoni, tiveram seu embarque garantido
pela empresa nas concorrentes,
seguindo os regulamentos do setor. O executivo diz que as vendas
foram interrompidas quando havia "poucas" compras efetivadas.
A empresa, que começou registrando ocupação de 59% em julho, segundo dados do DAC (Departamento de Aviação Civil), fechou setembro com apenas 34%
dos assentos vendidos. O número
é problemático e dificulta a sobrevivência da novata, que, apesar de
começar só com uma aeronave,
provocou reações das grandes.
TAM, Varig e Gol reduziram tarifas logo após o lançamento da
WebJet. Nos trechos e horários
atendidos pela nova rival, as tarifas caíram substancialmente.
Para analistas do setor, houve
reação das grandes companhias
para impedir que mais um jogador se estabeleça no mercado.
Escaldado pelo "efeito Gol" de
redução de tarifas, iniciado em janeiro de 2001, o mercado teria intenção de cortar o novo "problema" pela raiz, sem dar tempo para
que a WebJet cresça.
As empresas negam e dizem
que só praticam a livre concorrência. Não há controle prévio de
tarifas no país. Eventuais denúncias de concorrência desleal são
avaliadas posteriormente.
Apelo
Como a oferta de vôos é maior
na concorrência, a WebJet pode
não resistir até o fim do ano,
quando, com a alta temporada,
cresce o número de passageiros
mais sensíveis a preços.
Asfixiada, a empresa tenta, a todo custo, formar uma rede de
agentes de viagens para comercializar seus bilhetes, mas enfrenta
dificuldades. A saga começou há
um mês, quando, para potencializar as vendas, a aérea abandonou
a estratégia inicial de vender apenas pela internet e pelo telefone.
A outra tática é tentar sensibilizar os consumidores. "Em todos
os países do mundo, quanto menor o número de empresas, maior
o preço da passagem. Nosso modelo é vender barato. Para isso,
precisamos ter o passageiro do
nosso lado", afirma Ottoni. "A
construção de uma empresa nesse setor passa pelo passageiro. Pode ser utópico, mas convocamos a
sociedade para fazermos isso."
Com tarifas baixas, a companhia necessita de mais escala para
ser viável. Para os especialistas, o
grande erro foi começar com apenas um avião, sem previsão para
receber o segundo. Para brigar
bem, dizem os analistas, seria preciso entre quatro e seis aviões.
A WebJet voa diariamente para
quatro cidades -Rio (Galeão),
Brasília, São Paulo (Guarulhos) e
Porto Alegre- e, desde o dia 1º,
três vezes por semana para Belo
Horizonte e Florianópolis.
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