São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Greenspan dá última cartada para evitar nova recessão

DE BUENOS AIRES

O federal Reserve deu ontem sua última cartada para tentar evitar que a economia dos EUA entre em uma nova recessão. Depois de derrubar os juros para o menor nível em mais de quarenta anos, resta pouco, ou quase nenhum espaço, para a atuação do Fed.
Os EUA têm de combater dois fantasmas: a própria recessão e, talvez até pior, uma deflação prolongada. Depois de ter crescido mais de 3% no último trimestre, a economia dos EUA voltou a dar sinais de fraqueza. Pedidos às fábricas e confiança dos consumidores caíram. O desemprego subiu. Ou seja, ainda existe risco de uma recessão. A inflação está sob controle, e agora a preocupação não é mais com a alta de preços, mas com a queda deles. Baixa generalizada dos preços não é bom sinal. A deflação é indício de que a economia está produzindo aquém de sua capacidade. Além disso, numa economia de empresas e consumidores endividados como a norte-americana, ela pode ter efeitos muito negativos.
Uma outra maneira de encarar a deflação é dizer que o dinheiro passa a valer mais: um dólar comprará amanhã mais do que compra hoje. Da mesma maneira, uma dívida de US$ 100 hoje será uma dívida maior amanhã -do ponto de vista das empresas, isso significa receitas em queda e dívidas constantes.
Alan Greenspan, o presidente do Fed, fez o que pôde. As taxas de juros de 1,75% já haviam ajudado na recuperação das vendas de veículos. A nova redução pode levar alento a outros setores e ajudar a economia a voltar a crescer.
Mas a instituição não pode fazer muito para acabar com as outras incertezas que emperram a recuperação dos EUA: uma possível guerra com o Iraque, os efeitos negativos dos escândalos financeiros e a queda da confiança dos consumidores.
Para o Brasil, a queda dos juros nos EUA não tem efeitos imediatos. Os juros só devem baixar quando a inflação der sinais de que começará a cair. Mas uma recuperação da economia norte-americana melhoraria o cenário internacional, ajudando a economia brasileira a equilibrar suas contas externas. (MARCELO BILLI)


Texto Anterior: Águia em transe: BC dos EUA surpreende e derruba juros para 1,25%
Próximo Texto: Privatização: Lula tentará adiar leilão do Besc, diz porta-voz
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.