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ANÁLISE
Greenspan dá última cartada para evitar nova recessão
DE BUENOS AIRES
O federal Reserve deu
ontem sua última cartada
para tentar evitar que a economia
dos EUA entre em uma nova recessão. Depois de derrubar os juros para o menor nível em mais
de quarenta anos, resta pouco, ou
quase nenhum espaço, para a
atuação do Fed.
Os EUA têm de combater dois
fantasmas: a própria recessão e,
talvez até pior, uma deflação prolongada. Depois de ter crescido
mais de 3% no último trimestre, a
economia dos EUA voltou a dar
sinais de fraqueza. Pedidos às fábricas e confiança dos consumidores caíram. O desemprego subiu. Ou seja, ainda existe risco de
uma recessão. A inflação está sob
controle, e agora a preocupação
não é mais com a alta de preços,
mas com a queda deles. Baixa generalizada dos preços não é bom
sinal. A deflação é indício de que a
economia está produzindo
aquém de sua capacidade. Além
disso, numa economia de empresas e consumidores endividados
como a norte-americana, ela pode
ter efeitos muito negativos.
Uma outra maneira de encarar
a deflação é dizer que o dinheiro
passa a valer mais: um dólar comprará amanhã mais do que compra hoje. Da mesma maneira,
uma dívida de US$ 100 hoje será
uma dívida maior amanhã -do
ponto de vista das empresas, isso
significa receitas em queda e dívidas constantes.
Alan Greenspan, o presidente
do Fed, fez o que pôde. As taxas de
juros de 1,75% já haviam ajudado
na recuperação das vendas de veículos. A nova redução pode levar
alento a outros setores e ajudar a
economia a voltar a crescer.
Mas a instituição não pode fazer
muito para acabar com as outras
incertezas que emperram a recuperação dos EUA: uma possível
guerra com o Iraque, os efeitos
negativos dos escândalos financeiros e a queda da confiança dos
consumidores.
Para o Brasil, a queda dos juros
nos EUA não tem efeitos imediatos. Os juros só devem baixar
quando a inflação der sinais de
que começará a cair. Mas uma recuperação da economia norte-americana melhoraria o cenário
internacional, ajudando a economia brasileira a equilibrar suas
contas externas.
(MARCELO BILLI)
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