|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRIBUTOS
Carga fiscal é de 29,8% no Brasil e de 15,7% na média global, diz pesquisa
Produção paga o dobro de impostos
DA REPORTAGEM LOCAL
A carga tributária sobre a produção no Brasil é o dobro da média mundial. Apenas com os impostos sobre o valor agregado, o
chamado IVA -um federal, o IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) e um estadual, o
ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços)-, as
empresas pagam 29,8% no Brasil,
contra 15,7% da média global.
A conclusão é da "Pesquisa Internacional sobre Tributação", divulgada ontem pela Deloitte, empresa de auditoria e consultoria. A
empresa pesquisou, em outubro
passado, a tributação em 34 países
(principalmente importadores e
exportadores de capital), sendo 10
da América Latina, 15 da América
do Norte e Europa e 9 da Ásia.
Segundo Marcelo Natale, sócio-diretor da Deloitte e coordenador
da pesquisa, "ao concentrar a tributação sobre a produção, o Brasil reforça o modelo regressivo,
que concentra a renda e não gera
empregos". Regressivo é o modelo em que os contribuintes de menor poder aquisitivo pagam, proporcionalmente, mais impostos
que os de maior renda.
Os 29,8% sobre a produção no
Brasil (nesse percentual não estão
incluídos PIS, Cofins e CPMF) só
perdem para os 45% pagos na Colômbia. Na América Latina a média é de 20,58%; na América do
Norte e Europa, de 19,36%. Os
29,8% do Brasil referem-se às médias de 10% de IPI, 18% de ICMS e
1,8% do efeito do segundo sobre o
primeiro (o IPI compõe a base de
cálculo do ICMS).
Mas a grande discrepância existe quando se compara a média
brasileira com a da Ásia. Lá, a média é de apenas 7,25% -a maior
alíquota é a da China, de 17%. O
Japão tributa a produção em 5%,
embora tenha alta tributação direta (42%) via IR das empresas.
Apesar de tributar excessivamente a produção, o Brasil não
deixa também de taxar pesadamente a renda das empresas, segundo Natale.
A pesquisa revela que a carga
fiscal sobre o lucro das empresas
também é maior no Brasil (34%,
incluindo 25% de IR e 9% da contribuição sobre o lucro) do que a
média (30,79%) da América Latina e da média mundial (32,27%).
Resultado: o Brasil possui um
dos mais complexos e onerosos
sistemas tributários mundiais.
"Os países desenvolvidos facilitam o fluxo de capitais, aspecto
importante no desenvolvimento
econômico, princípio que não se
observa no Brasil e na América
Latina", afirma Natale.
A pesquisa detectou que 20 dos
34 países adotam alguma tipo de
incentivo para novos investimentos, ou seja, buscam atrair o capital internacional. Dos países da
Ásia pesquisados, sete têm algum
tipo de incentivo, na América Latina, seis, e nos Estados Unidos e
Europa, sete.
(MARCOS CÉZARI)
Texto Anterior: Ano do dragão: Queda em alimentos deixa inflação abaixo do esperado Próximo Texto: Fim do sufoco?: Em NY, analista diz que dívida complica Brasil Índice
|