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BANCO X BANCO
Ex-presidente da instituição diz que inspeção e críticas do BC reveladas ontem pela Folha têm esse objetivo
Meirelles quer acabar com BNDES, diz Lessa
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Primeiro presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) do
governo Lula, o economista Carlos Lessa acusou ontem o presidente do BC (Banco Central),
Henrique Meirelles, de querer
acabar com o banco de fomento e
de agir de maneira deliberada
contra o progresso do país.
"Acho esse cavalheiro um cavalheiro do não-Brasil. Tudo que é
relevante para a nação é para ele
pecado mortal, deve ser eliminado", afirmou Lessa à Folha.
Lessa disse que Meirelles tem o
ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e a Febraban (Federação
Brasileira de Bancos) como parceiros na suposta intenção de acabar com o BNDES. O fechamento
do banco seria uma estratégia para "blindar o futuro" contra "mudanças na política econômica".
"Eu acho que esse grupo, dr. Palocci, dr. Meirelles, os homens da
Febraban, do mercado de capitais, o mundo do chamado mercado, está muito preocupado com
a sucessão presidencial. Eles querem já estabelecer regras que tornem impossível a mudança da
política econômica", afirmou.
Lessa, 69, presidiu o BNDES de
janeiro de 2003 a novembro de
2004. Foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter
criticado a gestão de Meirelles.
"Fui demitido porque classifiquei [em entrevista à Folha] o discurso de Meirelles no Conselho de
Desenvolvimento de um pesadelo. Naquela ocasião, Meirelles disse que a conta dos juros altos no
Brasil era derivada do crédito
consignado, o crédito do BNDES,
da Caixa Econômica na linha
imobiliária. Achei isso uma coisa
absolutamente insultuosa, chamei de pesadelo. Eu disse que a
política monetária era um pesadelo. Por isso fui demitido."
Para Lessa, da estratégia que objetiva acabar com o BNDES faz
parte a inspeção que o BC realizou
na instituição de abril a agosto do
ano passado. A Folha revelou ontem que o BC concluiu serem
"frágeis" os controles do banco
para a concessão de crédito e que
falta um sistema adequado de
avaliação de riscos dos tomadores
de crédito.
Lessa disse que "não tem cabimento" a "crítica que o Banco
Central está fazendo ao BNDES",
pois "conceitualmente banco de
desenvolvimento não gera crise
sistêmica do sistema bancário".
"Agora eles voltam à carga em
cima do BNDES. Crise sistêmica é
gerada basicamente por banco
comercial que, ao quebrar ou trabalhar mal ou ficar insolvente, gera uma reação em cadeia. Como
pode dizer que BNDES não acata
boas regras bancárias se o BNDES
é um banco hiperlucrativo, que
cresce sem parar e tem a mais baixa taxa de inadimplência do
país?", argumentou Lessa.
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