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Lula deve vetar perda de receita com pré-sal
Equipe econômica pedirá ao presidente que não aceite redução de R$ 1,7 bi por ano na parcela da União na participação especial
Acordo contràrio à União foi fechado entre deputados e Estados; sem veto, parcela da União na receita do pré-sal cairia de 50% para 35%
VALDO CRUZ
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A equipe econômica vai sugerir ao presidente Lula que vete
qualquer mudança na divisão
da receita da chamada participação especial dos campos já licitados do pré-sal, tributo cobrado sobre a renda líquida da
exploração de petróleo.
A orientação da área econômica do governo veio depois
que foi fechado na Câmara um
acordo com os governadores
reduzindo a parcela da União
na receita desse tributo -de
50% do total para 35%.
Se o acordo vingar, a União
poderia perder cerca de R$ 1,7
bilhão por ano pelas projeções
de arrecadação, que hoje é de
R$ 5,8 bilhões anuais. Esse valor tende a crescer ainda mais,
já que as áreas já concedidas da
região do pré-sal estão apenas
iniciando sua produção.
A negociação atendeu a pleito dos Estados não produtores
de petróleo e preservou a fatia
dos produtores na divisão do
bolo tributário da participação
especial, elaborada para viabilizar a votação do projeto que
cria o modelo de partilha de
produção no setor.
Pelo acordo, os 15 pontos
percentuais que seriam retirados da União seriam distribuídos da seguinte forma: 10 pontos para os Estados não produtores e 5 pontos para os municípios não produtores.
Inicialmente, os governadores do Nordeste queriam reduzir a parcela desse tributo dos
Estados produtores, como Rio
de Janeiro, São Paulo e Espírito
Santo. A resistência do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) fez o relator do projeto, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), propor a redução da parcela da União.
Apesar da resistência do governo, o peemedebista alega
que sem esse acordo não será
possível votar o projeto na Câmara ainda neste ano.
Na avaliação da área política
do governo, talvez seja preciso
deixar o acordo ser aprovado
para concluir a votação dos
projetos do pré-sal na Câmara.
Depois, Lula avaliaria se realmente vetaria o corte na parcela da receita da União.
Segundo a Folha apurou, a
tendência é Lula optar pelo veto para evitar problemas fiscais
e a descapitalização do futuro
Fundo Social, que será formado pela renda obtida pelo governo na exploração do pré-sal.
A equipe econômica avalia
que o principal prejuízo seria
nas contas do Tesouro, já que o
próximo presidente terá de enfrentar um quadro de gastos
públicos crescentes.
Quanto à redução no bolo de
receitas da União nos royalties
-tributo cobrado como compensação a Estados e municípios pelos impactos causados
na exploração de petróleo-, o
governo topou a redução contida no acordo.
O relator propôs usar o mesmo modelo que será adotado
no sistema partilha de produção de petróleo. Nele, a receita
de royalties da União caiu de
30% para 22%.
Dos quatro projetos do novo
marco regulatório do pré-sal,
só o que cria a Petro-Sal, estatal
que irá administrar a nova riqueza, foi aprovado pela Câmara. O que define as regras de capitalização da Petrobras já está
na pauta de votação do plenário. Lula quer aprovar os quatro projetos na Câmara ainda
neste ano, para que sigam ao
Senado no início de 2010.
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