São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2008

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Argentina tem inflação de 8,5%

Economistas contestam dado oficial e vêem alta de até 25% no ano passado

Após desabastecimento, país proíbe exportação de combustível líquido, o que deve prejudicar atividades da Petrobras no país

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

A inflação oficial na Argentina em 2007 foi de 8,5%, segundo divulgou ontem o Indec (instituto de estatísticas do governo), abaixo dos 9,8% da inflação em 2006. Mas medições de analistas privados apontam que a inflação real na Argentina no ano passado foi de ao menos o dobro desse valor. Alguns analistas falam até em uma inflação superior a 25%.
Os números oficiais da inflação estiveram em dúvida durante todo o ano passado desde que, em janeiro, o secretário do Comércio Interior, Guillermo Moreno, interveio no Indec, substituindo funcionários e mudando a metodologia da medição de preços.
O tema foi um dos mais explorados pela oposição na campanha eleitoral, e pesquisas mostraram que a inflação era uma das principais preocupações dos eleitores, ao lado da insegurança. No processo eleitoral, chegou a haver um boicote dos consumidores argentinos ao tomate, símbolo da alta inflação no país -chegou a aumentar 300% em um mês.
Para este ano, o Orçamento argentino prevê inflação de 7,7%.
A presidente Cristina Fernández de Kirchner já anunciou que, nos próximos meses, lançará uma nova metodologia para medir a inflação, baseada no índice dos EUA, que descarta certos itens, como alimentos e energia, pela alta volatilidade.
A inflação de dezembro foi de 0,9%, igual a do mês anterior e segundo índice mais alto do ano, atrás apenas de janeiro, quando a inflação foi de 1,1%. Para este mês, espera-se uma inflação maior, já que no primeiro dia do ano, após quase oito anos de congelamento, as tarifas do transporte público sofreram alta média de 20%.
Ontem, a divulgação do índice foi atrasada por uma ameaça de bomba no Indec. A revisão da polícia, porém, indicou que foi um alarme falso.

Proibição
O governo argentino anunciou ontem a proibição da exportação de combustíveis líquidos -gasolina e diesel- até que se normalize o abastecimento do mercado interno. Desde a chegada do verão, Províncias do interior da Argentina vêm sofrendo com a escassez de combustível.
O governo estabeleceu que as petroleiras só poderão voltar a exportar combustíveis quando houver pleno abastecimento no país e com os preços praticados em outubro do ano passado. A decisão, tomada com base na chamada Lei do Abastecimento, prejudica as petroleiras no país, entre elas a Petrobras, já que os preços do mercado interno argentino estão abaixo do mercado mundial, e as companhias precisam exportar para ter rentabilidade maior.
O monitoramento do cumprimento das exigências do governo ficará a cargo da Secretaria de Comércio Interior, a mesma que interveio no Indec.


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