|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Argentina tem inflação de 8,5%
Economistas contestam dado oficial e vêem alta de até 25% no ano passado
Após desabastecimento, país proíbe exportação de combustível líquido, o que deve prejudicar atividades da Petrobras no país
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
A inflação oficial na Argentina em 2007 foi de 8,5%, segundo divulgou ontem o Indec
(instituto de estatísticas do governo), abaixo dos 9,8% da inflação em 2006. Mas medições
de analistas privados apontam
que a inflação real na Argentina
no ano passado foi de ao menos
o dobro desse valor. Alguns
analistas falam até em uma inflação superior a 25%.
Os números oficiais da inflação estiveram em dúvida durante todo o ano passado desde
que, em janeiro, o secretário do
Comércio Interior, Guillermo
Moreno, interveio no Indec,
substituindo funcionários e
mudando a metodologia da medição de preços.
O tema foi um dos mais explorados pela oposição na campanha eleitoral, e pesquisas
mostraram que a inflação era
uma das principais preocupações dos eleitores, ao lado da insegurança. No processo eleitoral, chegou a haver um boicote
dos consumidores argentinos
ao tomate, símbolo da alta inflação no país -chegou a aumentar 300% em um mês.
Para este ano, o Orçamento
argentino prevê inflação de
7,7%.
A presidente Cristina Fernández de Kirchner já anunciou que, nos próximos meses,
lançará uma nova metodologia
para medir a inflação, baseada
no índice dos EUA, que descarta certos itens, como alimentos
e energia, pela alta volatilidade.
A inflação de dezembro foi de
0,9%, igual a do mês anterior e
segundo índice mais alto do
ano, atrás apenas de janeiro,
quando a inflação foi de 1,1%.
Para este mês, espera-se uma
inflação maior, já que no primeiro dia do ano, após quase oito anos de congelamento, as tarifas do transporte público sofreram alta média de 20%.
Ontem, a divulgação do índice foi atrasada por uma ameaça
de bomba no Indec. A revisão
da polícia, porém, indicou que
foi um alarme falso.
Proibição
O governo argentino anunciou ontem a proibição da exportação de combustíveis líquidos -gasolina e diesel- até que
se normalize o abastecimento
do mercado interno. Desde a
chegada do verão, Províncias
do interior da Argentina vêm
sofrendo com a escassez de
combustível.
O governo estabeleceu que as
petroleiras só poderão voltar a
exportar combustíveis quando
houver pleno abastecimento
no país e com os preços praticados em outubro do ano passado. A decisão, tomada com base
na chamada Lei do Abastecimento, prejudica as petroleiras
no país, entre elas a Petrobras,
já que os preços do mercado interno argentino estão abaixo do
mercado mundial, e as companhias precisam exportar para
ter rentabilidade maior.
O monitoramento do cumprimento das exigências do governo ficará a cargo da Secretaria de Comércio Interior, a mesma que interveio no Indec.
Texto Anterior: Vaivém das commodities Próximo Texto: Agrofolha Venda de máquina agrícola avança 49,2% em 2007 Índice
|