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FUSÃO NO AR
Com isso, elas pretendem aumentar sua participação no mercado de rotas internacionais a partir do Brasil
Varig/TAM quer limitar vôos de estrangeiras
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O protocolo de intenção de fusão entre a Varig e a TAM tem um
objetivo no campo da aviação internacional. A Folha apurou que
já existem conversas da TAM com
o governo Lula para que sejam revistos acordos de vôos de companhias brasileiras e estrangeiras.
A meta é reduzir o número de
viagens de aviões de empresas estrangeiras para cá. O que aumentaria o mercado da TAM e da Varig em vôos para o exterior. Ou seja, a idéia é criar uma espécie de
reserva de mercado de vôos internacionais para as companhias
brasileiras. A Varig e a TAM, principalmente essa última, vivem hoje uma situação bastante complicada nesse segmento.
Enquanto as quatro grandes
companhias americanas (American Airlines, United, Continental
e Delta) fazem cerca de cem vôos
semanais de ida e volta para o
Brasil, a Varig e a TAM realizam
50 no mesmo trajeto.
A diferença é consequência da
falta de poder de fogo das brasileiras para enfrentar os preços das
estrangeiras. Enquanto a Varig
cobra US$ 763 pelo bilhete de ida
e volta São Paulo-Miami e a TAM
US$ 723, a United, por exemplo,
vende por US$ 661.
O governo Lula estaria analisando o assunto e os prejuízos que essa situação traz para a balança comercial. Enquanto a TAM e a Varig negociam sua fusão, o governo
pode abrir negociações com países como os Estados Unidos para
modificar os acordos bilaterais.
Uma das idéias em estudo é diminuir o limite de vôos entre os
países. No caso das viagens entre
Estados Unidos e Brasil, poderia
ser colocado o limite de 80 vôos
semanais para as companhias
norte-americanas e 80 para as
brasileiras.
Como American Airlines, United, Delta e Continental fazem
atualmente cem vôos semanais de
ida e volta para o Brasil, a redução
de sua cota teria consequência positiva no aumento da procura de
passagens da TAM e da Varig por
brasileiros.
Isso permitiria atenuar a guerra
de preços entre empresas aéreas
brasileiras e estrangeiras. Os valores das passagens aéreas tenderiam a ficar mais altos ou se estabilizar. Para um executivo de uma
companhia brasileira concorrente da TAM e da Varig, essa mudança prejudicaria a concorrência no mercado aéreo brasileiro.
Os clientes seriam lesados por ter
de pagar mais.
Ministério da Defesa
O Ministério da Defesa afirmou
desconhecer negociações sobre a
redução de vôos internacionais. A
esperança da TAM, e por consequência da Varig, é conquistar
mais passageiros estrangeiros, em
um momento em que as duas
companhias enfrentam sérios
problemas financeiros.
Cerca de 80% dos passageiros
que viajam entre o Brasil e os Estados Unidos são brasileiros.
Atualmente, cerca de 70% deles
embarcam em companhias norte-americanas, que podem praticar preços baixos porque as viagens para o Brasil representam
apenas 1% de sua receita.
Juntas, a Varig e a TAM têm em
média cerca de 10% de sua receita
originada em vôos para os Estados Unidos. A Varig é a que detém mais vôos. Com um prejuízo
previsto em US$ 280 milhões no
ano passado, a TAM poderia aumentar sua receita internacional
com a mudança. O mesmo ocorreria com a Varig, que no primeiro semestre de 2002 registrou perdas de R$ 1,041 bilhão.
Um executivo do setor considerou, no entanto, que dificilmente
os Estados Unidos concordariam
em reduzir seus vôos ao Brasil.
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