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ENERGIA
AES, que controla a distribuidora de SP, se declarou em "default técnico" e deixou de pagar US$ 85 milhões ao banco
BNDES pode assumir Eletropaulo, diz Dilma
BONANÇA MOUTEIRA
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A ministra de Minas e Energia,
Dilma Rousseff, indicou ontem
que o BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) poderá vir a assumir a Eletropaulo, distribuidora de energia
controlada pela empresa norte-americana AES.
Na semana passada, a AES declarou-se em "default técnico" e
deixou de pagar uma parcela de
US$ 85 milhões da dívida que tem
com o banco oficial, cuja garantia
é a própria Eletropaulo. O BNDES
financiou a empresa na privatização da distribuidora.
"A AES será tratada como é: um
caso financeiro. Existe a possibilidade de o governo querer resolver
a questão da dívida, e as garantias
vão estar em questão", afirmou a
ministra.
"Eu não acho que nenhuma empresa estrangeira achará isso estranho, até porque eu gostaria que
vocês recordassem como foi tratada a Enron nos EUA", completou. A Enron, gigante americana
de energia, quebrou depois de estar no centro de um escândalo de
fraudes contábeis.
Em relação às dificuldades enfrentadas pelas distribuidoras de
energia privadas, Dilma afirmou
que "não se pretende ter nenhuma política de resgate de ninguém
que esteja em dificuldade".
Quando questionada sobre
uma suposta ameaça da EDF (estatal francesa que controla no Rio
a distribuidora Light) de deixar o
país, a ministra respondeu: "Se
essas companhias quiserem sair
do país, que saiam".
Dilma considerou "insólito esse
tipo de ameaça", mas avaliou que
esse não é caso da EDF. "A EDF,
ao que eu saiba, até fez um gesto
de quem não quis sair do país,
porque botou dinheiro na empresa", disse.
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, que esteve com a ministra,
disse que a solução para o caso da
AES transcende a competência do
banco estatal: "É uma decisão a
ser compartilhada por várias instâncias da República".
A dívida total da AES com o
BNDES é superior a US$ 1 bilhão.
Segundo Lessa, como a empresa,
via Eletropaulo, controla o suprimento de energia elétrica "no coração industrial do Brasil" (a região metropolitana de São Paulo),
o seu problema vai além da dimensão bancária.
Como a declaração de inadimplência técnica por parte da empresa dá ao BNDES um prazo de
40 dias para tomar uma posição
sobre o que fazer, o banco vai procurar, no decorrer desse prazo,
discutir uma saída com outras
instâncias do governo.
Burro, ignorante e estúpido
Dilma Rousseff participou no
Rio da cerimônia de posse da nova diretoria de Furnas e criticou o
modelo energético do governo
anterior, no que foi acompanhada
pelo presidente da Eletrobrás,
Luiz Pinguelli Rosa.
Pinguelli disse que encontrou o
setor numa situação pior do que
imaginava. Segundo ele, o problema não são as empresas privadas,
mas o modelo, que classificou como "burro, ignorante e estúpido".
O presidente da Eletrobrás informou que a estatal vai contratar
escritórios de advocacia para analisar os contratos fechados no último governo. Disse ainda que uma
das primeiras medidas será a cobrança de dívidas não-pagas às
empresas do sistema Eletrobrás.
Segundo ele, o leque de devedores vai da União a Estados, municípios e fornecedores privados.
"Podemos até renegociar, mas
tem que pagar", afirmou.
Cemig
A Folha apurou que o Opportunity negocia a compra da parte integral da AES na Cemig -empresa de energia de Minas Gerais. Se
fechada, a operação dará ao banco o controle do bloco privado na
empresa mineira.
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