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Estados querem mudar ordem de precatórios
PEDRO DIAS LEITE
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os governadores decidiram
incluir três novos pontos na lista de negociações que será discutida com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em troca do
apoio das bancadas estaduais
no Congresso às medidas incluídas no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
O documento encaminhado
ontem ao ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, prevê a divisão com os Estados da arrecadação da Cofins e
da CSLL, contribuições que
renderam R$ 120,6 bilhões no
ano passado e ficam integralmente no caixa da União.
A outra novidade na lista é a
defesa da aprovação de uma
emenda constitucional que altera os critérios para os pagamentos de precatórios (dívidas
que União, Estados e municípios têm de pagar por decisão
judicial), que deixaria de ser
por ordem cronológica.
Por último, os Estados querem levar adiante uma medida
que o governo federal quis incluir no PAC, mas avaliou que
não havia condições políticas
para a aprovação. É a regulamentação da chamada PEC da
Saúde.
Um projeto de lei complementar em tramitação no Congresso define as despesas que
podem ser consideradas gastos
com Saúde para efeito do cumprimento do limite de aplicação de verbas no setor.
Os Estados querem incluir
nesse limite os gastos com os
inativos da Saúde, com saneamento básico e com o programa de alimentação básica, incorporado ao Bolsa Família,
que exige das gestantes e crianças comparecimento regular
aos postos de saúde.
O governo já sinalizou que
aceita incluir a alimentação básica e o saneamento, mas não
os inativos. O problema é que a
bancada da saúde, uma das
mais fortes no Congresso, não
quer ver parte dos recursos que
hoje vão para hospitais, por
exemplo, direcionados a setores que não consideram como
atendimento à saúde, caso do
saneamento.
Precatórios
A PEC que trata dos precatórios altera toda a lógica da fila
de pagamentos. Hoje, os pagamentos são feitos por ordem
cronológica. Quem está há mais
tempo na fila recebe antes.
Se a medida for aprovada, serão duas as principais mudanças: 1. quem tem dívidas a receber poderá se inscrever num
"leilão de descontos", em que
quem concordar com o maior
abatimento recebe antes; 70%
dos recursos para pagamentos
de precatórios serão destinados aos vencedores do leilão. 2.
os outros 30% serão para quem
não se inscrever no leilão, mas,
em vez da ordem cronológica,
passa a valer uma nova fila, do
menor para o maior valor.
A PEC, de autoria do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi apresentada em março do ano passado e ainda não está pronta
para ser votada.
A OAB é radicalmente contra
a proposta. "A PEC oficializa o
calote público. Trata-se de proposta que, além de inconstitucional, é indigna porque viola
os mais comezinhos direitos
dos sofridos credores da Fazenda Pública", disse o presidente
da entidade, Cezar Britto.
Estados e municípios afirmam que a mudança ajudaria a
resolver o problema dos precatórios não pagos, hoje em torno
de R$ 70 bilhões em todo o país,
mas alguns especialistas dizem
que a alteração prejudica quem
tem dinheiro a receber.
Segundo Arruda, o principal
ponto para os governadores é o
rateio da CPMF (o imposto do
cheque), que o governo já avisou que não será atendido.
Os Estados querem que 30%
dos recursos sejam repassados
-20% para eles e 10% para os
municípios- para serem investidos em saúde.
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