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Países levantam barreiras protecionistas para proteger os empregos
DE NOVA YORK
O ano passado foi o pior da
história do mercado de trabalho dos EUA, com 2,97 milhões
de demissões. Janeiro começou com mais 598 mil cortes.
Agora, 2009 pode ser ainda
pior, não apenas para os norte-americanos.
A previsão da OIT (Organização Internacional do Trabalho)
de que 51 milhões de postos de
trabalho podem ser ceifados
neste ano já provoca em vários
países uma espécie de "corrida
protecionista" com o objetivo
de tentar manter empregos.
A OMC (Organização Mundial do Comércio) marcou para
amanhã uma reunião emergencial para tentar conter esse ímpeto em vários países. Antes
mesmo desses fatos novos, o
FMI já estimava que o comércio mundial, um dos principais
"motores" do crescimento nos
últimos anos, encolherá quase
3% neste ano.
Enquanto os EUA ameaçaram oficializar a política "Buy
American" (compre produtos
americanos) em seu novo pacote de estímulo, a Rússia introduziu na semana passada 28
medidas para aumentar as tarifas sobre produtos importados.
A União Europeia também
aumentou as restrições à importação de frango e carne bovina dos EUA, que ameaçam retaliar com tarifas maiores para
água mineral italiana e queijo
francês -além de adotar medidas contra produtos chineses.
No caso do Brasil, além de ter
ensaiado um controle maior às
importações, depois abandonado, o país está considerando,
com a Argentina, elevar as tarifas de entrada de produtos no
Mercosul.
O exemplo mais significativo
do protecionismo para a preservação de empregos ocorreu
no Reino Unido. Após quase
uma semana de protestos, trabalhadores britânicos conseguiram que a petrolífera francesa Total voltasse atrás na decisão de contratar apenas empregados italianos e portugueses em nova refinaria no país.
Os protestos, que reuniram
milhares de britânicos, eram
dirigidos a apenas 200 vagas,
ainda assim temporárias. No final, a Total concordou em abrir
102 postos aos britânicos.
"As empresas estão convencidas de que a prioridade número um é a sobrevivência, e isso significa cortar custos e funcionários", afirma o economista Joel Naroff, da consultoria
Naroff Economic Advisors.
Se a expectativa pessimista
da OIT for confirmada, o mundo pode terminar o ano com
241 milhões de desempregados. É como se a população inteira do Brasil e da Espanha estivesse sem trabalho.
Nos últimos anos, os países
asiáticos foram responsáveis
por 45% da criação de novas vagas no mundo, segundo a OIT.
Em 2009, de acordo com previsões do FMI, o crescimento de
China e Índia, os dois gigantes
da região, deve cair à metade do
acumulado em 2007.
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