São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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Países levantam barreiras protecionistas para proteger os empregos

DE NOVA YORK

O ano passado foi o pior da história do mercado de trabalho dos EUA, com 2,97 milhões de demissões. Janeiro começou com mais 598 mil cortes. Agora, 2009 pode ser ainda pior, não apenas para os norte-americanos.
A previsão da OIT (Organização Internacional do Trabalho) de que 51 milhões de postos de trabalho podem ser ceifados neste ano já provoca em vários países uma espécie de "corrida protecionista" com o objetivo de tentar manter empregos.
A OMC (Organização Mundial do Comércio) marcou para amanhã uma reunião emergencial para tentar conter esse ímpeto em vários países. Antes mesmo desses fatos novos, o FMI já estimava que o comércio mundial, um dos principais "motores" do crescimento nos últimos anos, encolherá quase 3% neste ano.
Enquanto os EUA ameaçaram oficializar a política "Buy American" (compre produtos americanos) em seu novo pacote de estímulo, a Rússia introduziu na semana passada 28 medidas para aumentar as tarifas sobre produtos importados.
A União Europeia também aumentou as restrições à importação de frango e carne bovina dos EUA, que ameaçam retaliar com tarifas maiores para água mineral italiana e queijo francês -além de adotar medidas contra produtos chineses.
No caso do Brasil, além de ter ensaiado um controle maior às importações, depois abandonado, o país está considerando, com a Argentina, elevar as tarifas de entrada de produtos no Mercosul.
O exemplo mais significativo do protecionismo para a preservação de empregos ocorreu no Reino Unido. Após quase uma semana de protestos, trabalhadores britânicos conseguiram que a petrolífera francesa Total voltasse atrás na decisão de contratar apenas empregados italianos e portugueses em nova refinaria no país.
Os protestos, que reuniram milhares de britânicos, eram dirigidos a apenas 200 vagas, ainda assim temporárias. No final, a Total concordou em abrir 102 postos aos britânicos.
"As empresas estão convencidas de que a prioridade número um é a sobrevivência, e isso significa cortar custos e funcionários", afirma o economista Joel Naroff, da consultoria Naroff Economic Advisors.
Se a expectativa pessimista da OIT for confirmada, o mundo pode terminar o ano com 241 milhões de desempregados. É como se a população inteira do Brasil e da Espanha estivesse sem trabalho.
Nos últimos anos, os países asiáticos foram responsáveis por 45% da criação de novas vagas no mundo, segundo a OIT. Em 2009, de acordo com previsões do FMI, o crescimento de China e Índia, os dois gigantes da região, deve cair à metade do acumulado em 2007.


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