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Indicadores podem reforçar o clima de instabilidade
Inflação e desempenho
da indústria preocupam
PAULA NUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Analistas econômicos estão
se preparando para o que chamam de "período de turbulências". As Bolsas de Valores de
todo o mundo acumularam
quedas expressivas na última
semana e os indicadores que
serão apresentados nesta podem colaborar para que o clima
de instabilidade persista.
O primeiro indicador a ser divulgado será o IPC-S (Índice de
Preços ao Consumidor Semanal), que deve manter a tendência de alta. Como ele reflete o
custo mensal de vida das famílias nas principais capitais do
país, seu crescimento pode indicar um agravamento da inflação, o que já vem ocorrendo.
A inflação acelerou fortemente em janeiro, diante de aspectos pontuais e sazonais, mas
a magnitude das pressões gera
preocupações nos economistas
e já tem afetado as expectativas
de inflação para este ano.
Essa tendência de alta inflacionária poderá ser comprovada ainda hoje no relatório Focus a ser divulgado pelo Banco
Central. Se a previsão para a inflação ficar muito acima da meta estabelecida para o IPCA em
2010, de 4,5%, vai reforçar as
pressões para que o Copom
(Comitê de Política Monetária)
interrompa, já na reunião de
março, o ciclo de manutenção
da taxa Selic em 8,75% ao ano.
O último boletim do BC já
havia elevado a previsão do IPCA para 4,62%.
Outro dado que deve chegar
ruim é o da indústria nacional.
O setor fechou 2009 com o pior
índice desde 1990, numa retração de 7,4%, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Isso significa que nem os
incentivos fiscais foram suficientes para conter a derrocada. Quem divulga o resultado
da indústria nesta quarta-feira
é a CNI (Confederação Nacional da Indústria). E tudo indica
que o setor ainda não conseguiu se recuperar totalmente
dos efeitos da crise.
Dos Estados Unidos virão os
resultados da balança comercial de dezembro, situação dos
estoques do atacado, de petróleo e de seus derivados, além do
comportamento do varejo em
janeiro, mês notoriamente fraco para o comércio.
Como destaque, os dados do
mercado de trabalho dos EUA,
com a contabilização dos pedidos de seguro desemprego no
país. Mesmo com o bom resultado do PIB norte-americano
no 4º trimestre, a economia dos
EUA segue frágil e em lenta recuperação, o que contribui para
que os investidores mantenham o alerta vermelho ligado.
Ruídos
A Europa acumulou más notícias na última semana, principalmente depois da retração de
2,6% nos resultados da produção industrial da Alemanha.
"Se a maior economia do continente vai mal, os elos mais fracos do euro devem sofrer também", avalia o relatório semanal da Gradual Investimentos.
Os ruídos de que o continente não consegue se levantar depois da explosão da crise econômica ficam mais expressivos
na medida em que os temores
com as dificuldades fiscais de
Grécia, Portugal e Espanha se
agravam e retardam ainda mais
uma vigorosa retomada econômica. Olhando toda a zona do
euro, a situação fiscal da República da Irlanda também preocupa o mercado.
O desempenho do PIB europeu sai na sexta-feira e a expectativa do mercado é que a zona
do euro apresente queda de
cerca de 1,9% no 4º trimestre
na taxa anualizada.
Segundo os economistas, este é um momento para os investidores reavaliarem o cenário global. Já se percebe que o
otimismo observado no fim do
ano passado está perdendo a
força rapidamente.
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