São Paulo, segunda-feira, 08 de fevereiro de 2010

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Indicadores podem reforçar o clima de instabilidade

Inflação e desempenho da indústria preocupam

PAULA NUNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Analistas econômicos estão se preparando para o que chamam de "período de turbulências". As Bolsas de Valores de todo o mundo acumularam quedas expressivas na última semana e os indicadores que serão apresentados nesta podem colaborar para que o clima de instabilidade persista.
O primeiro indicador a ser divulgado será o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal), que deve manter a tendência de alta. Como ele reflete o custo mensal de vida das famílias nas principais capitais do país, seu crescimento pode indicar um agravamento da inflação, o que já vem ocorrendo.
A inflação acelerou fortemente em janeiro, diante de aspectos pontuais e sazonais, mas a magnitude das pressões gera preocupações nos economistas e já tem afetado as expectativas de inflação para este ano.
Essa tendência de alta inflacionária poderá ser comprovada ainda hoje no relatório Focus a ser divulgado pelo Banco Central. Se a previsão para a inflação ficar muito acima da meta estabelecida para o IPCA em 2010, de 4,5%, vai reforçar as pressões para que o Copom (Comitê de Política Monetária) interrompa, já na reunião de março, o ciclo de manutenção da taxa Selic em 8,75% ao ano.
O último boletim do BC já havia elevado a previsão do IPCA para 4,62%.
Outro dado que deve chegar ruim é o da indústria nacional. O setor fechou 2009 com o pior índice desde 1990, numa retração de 7,4%, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Isso significa que nem os incentivos fiscais foram suficientes para conter a derrocada. Quem divulga o resultado da indústria nesta quarta-feira é a CNI (Confederação Nacional da Indústria). E tudo indica que o setor ainda não conseguiu se recuperar totalmente dos efeitos da crise.
Dos Estados Unidos virão os resultados da balança comercial de dezembro, situação dos estoques do atacado, de petróleo e de seus derivados, além do comportamento do varejo em janeiro, mês notoriamente fraco para o comércio.
Como destaque, os dados do mercado de trabalho dos EUA, com a contabilização dos pedidos de seguro desemprego no país. Mesmo com o bom resultado do PIB norte-americano no 4º trimestre, a economia dos EUA segue frágil e em lenta recuperação, o que contribui para que os investidores mantenham o alerta vermelho ligado.

Ruídos
A Europa acumulou más notícias na última semana, principalmente depois da retração de 2,6% nos resultados da produção industrial da Alemanha. "Se a maior economia do continente vai mal, os elos mais fracos do euro devem sofrer também", avalia o relatório semanal da Gradual Investimentos.
Os ruídos de que o continente não consegue se levantar depois da explosão da crise econômica ficam mais expressivos na medida em que os temores com as dificuldades fiscais de Grécia, Portugal e Espanha se agravam e retardam ainda mais uma vigorosa retomada econômica. Olhando toda a zona do euro, a situação fiscal da República da Irlanda também preocupa o mercado.
O desempenho do PIB europeu sai na sexta-feira e a expectativa do mercado é que a zona do euro apresente queda de cerca de 1,9% no 4º trimestre na taxa anualizada.
Segundo os economistas, este é um momento para os investidores reavaliarem o cenário global. Já se percebe que o otimismo observado no fim do ano passado está perdendo a força rapidamente.


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