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Mercado vê crise europeia atrasar retomada
Investidores temem que deficit crescente em países do sul do continente anulem esforços para garantir recuperação global
Desconfiança também é alimentada por agenda de reforma bancária nos EUA
e por limitação adicional ao crédito disponível na China
DA REUTERS
A dificuldade na rolagem da
dívida pública no sul da Europa
vai atrasar as perspectivas de
retomada da economia global
em 2010, agravando as incertezas hoje existentes nos mercados financeiro e de capitais.
Investidores temem que o
deficit crescente em países como Portugal, Irlanda, Itália,
Grécia e Espanha, chamados
agora Piigs, abalem a confiança
na estabilidade dos governos da
zona do euro e representem um
golpe certeiro nos esforços que
se estenderam desde março do
ano passado para relançar um
otimismo ainda incipiente entre os investidores.
No início de 2010, analistas
chegaram a apostar que a recuperação estava ganhando corpo, mas a confiança foi diluída
com sinais de crise no mercado
de trabalho americano e agora
pelo contágio da fragilidade fiscal no sul da Europa.
Como resultado, o euro tem
recuado com força em relação
ao dólar americano, movimento conhecido como de aversão
ao risco, que machuca as ações
e derruba os preços das principais commodities.
Na semana passada, a Bolsa
de Nova York teve baixa de
0,6% no índice Dow Jones, que
mede o desempenho de empresas de alcance global, e de 0,7%
no índice Standard & Poor"s
500, indicador reconhecido como termômetro de confiança
geral. Foi a quarta semana seguida de depreciação.
"Os mercados não estão aprisionando ninguém. Os investidores não estão olhando as coisas como incidentes isolados,
mas como um evento contagioso que se espalha", disse John
Praveen, estrategista da Prudential International de Nova
Jersey.
"Eu estou em um campo que
acredita que estamos em um
ajuste. O humor dos mercados
se tornou negativo no curto
prazo", disse Eric Kuby, chefe
da área de investimentos do
NorthStar Investment, de Chicago. "A tendência geral nos últimos nove meses era de recuperação, mas agora, ao que parece, o entusiasmo foi abatido e
está difícil para o mercado continuar na mesma toada."
EUA e China
Incertezas políticas também
cercam a agenda legislativa do
governo Obama, especialmente em relação às reformas do
sistema bancário e de saúde.
Além das reformas precisarem
de estímulos do governo, há
uma preocupação de que eventuais medidas populistas possam trazer um mal-estar com
os banqueiros, reduzindo os
consensos obtidos para fomentar a recuperação da economia
e a confiança do consumidor.
Há ainda sinais preocupantes de que a China tome medidas adicionais para reduzir o
crédito e impedir um superaquecimento da economia. O
aperto no crédito chinês achata
ainda mais os preços de commodities e de insumos importados utilizados pelo país.
Embora uma "correção" nas
Bolsas tenha sido antecipada, o
mercado tem dúvidas sobre até
quando ela irá. Os analistas técnicos, que utilizam gráficos para definir patamares de suporte
dos índices, advertiram que um
recuo maior poderia levar o
S&P 500 para até 1.036 pontos,
nível 10% menor do que o pico
atingido em janeiro -na sexta,
terminou a 1.066,15.
Por outro lado, se o pessimismo se dissipar, os investidores
poderão procurar oportunidades de ganhos certeiros nos
próximos dias. Isso porque o
preço das ações teria ficado
muito baixo em relação às projeções feitas no final do ano
passado. Na tarde da sexta, analistas apontavam evidências de
que alguns investidores compravam os papéis que mais sofreram na semana passada.
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