São Paulo, segunda-feira, 08 de fevereiro de 2010

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Mercado vê crise europeia atrasar retomada

Investidores temem que deficit crescente em países do sul do continente anulem esforços para garantir recuperação global

Desconfiança também é alimentada por agenda de reforma bancária nos EUA e por limitação adicional ao crédito disponível na China

DA REUTERS

A dificuldade na rolagem da dívida pública no sul da Europa vai atrasar as perspectivas de retomada da economia global em 2010, agravando as incertezas hoje existentes nos mercados financeiro e de capitais.
Investidores temem que o deficit crescente em países como Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, chamados agora Piigs, abalem a confiança na estabilidade dos governos da zona do euro e representem um golpe certeiro nos esforços que se estenderam desde março do ano passado para relançar um otimismo ainda incipiente entre os investidores.
No início de 2010, analistas chegaram a apostar que a recuperação estava ganhando corpo, mas a confiança foi diluída com sinais de crise no mercado de trabalho americano e agora pelo contágio da fragilidade fiscal no sul da Europa.
Como resultado, o euro tem recuado com força em relação ao dólar americano, movimento conhecido como de aversão ao risco, que machuca as ações e derruba os preços das principais commodities.
Na semana passada, a Bolsa de Nova York teve baixa de 0,6% no índice Dow Jones, que mede o desempenho de empresas de alcance global, e de 0,7% no índice Standard & Poor"s 500, indicador reconhecido como termômetro de confiança geral. Foi a quarta semana seguida de depreciação.
"Os mercados não estão aprisionando ninguém. Os investidores não estão olhando as coisas como incidentes isolados, mas como um evento contagioso que se espalha", disse John Praveen, estrategista da Prudential International de Nova Jersey.
"Eu estou em um campo que acredita que estamos em um ajuste. O humor dos mercados se tornou negativo no curto prazo", disse Eric Kuby, chefe da área de investimentos do NorthStar Investment, de Chicago. "A tendência geral nos últimos nove meses era de recuperação, mas agora, ao que parece, o entusiasmo foi abatido e está difícil para o mercado continuar na mesma toada."

EUA e China
Incertezas políticas também cercam a agenda legislativa do governo Obama, especialmente em relação às reformas do sistema bancário e de saúde. Além das reformas precisarem de estímulos do governo, há uma preocupação de que eventuais medidas populistas possam trazer um mal-estar com os banqueiros, reduzindo os consensos obtidos para fomentar a recuperação da economia e a confiança do consumidor.
Há ainda sinais preocupantes de que a China tome medidas adicionais para reduzir o crédito e impedir um superaquecimento da economia. O aperto no crédito chinês achata ainda mais os preços de commodities e de insumos importados utilizados pelo país.
Embora uma "correção" nas Bolsas tenha sido antecipada, o mercado tem dúvidas sobre até quando ela irá. Os analistas técnicos, que utilizam gráficos para definir patamares de suporte dos índices, advertiram que um recuo maior poderia levar o S&P 500 para até 1.036 pontos, nível 10% menor do que o pico atingido em janeiro -na sexta, terminou a 1.066,15.
Por outro lado, se o pessimismo se dissipar, os investidores poderão procurar oportunidades de ganhos certeiros nos próximos dias. Isso porque o preço das ações teria ficado muito baixo em relação às projeções feitas no final do ano passado. Na tarde da sexta, analistas apontavam evidências de que alguns investidores compravam os papéis que mais sofreram na semana passada.


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