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MERCADO
Alta do custo das matérias-primas das empresas industriais derruba Bolsa norte-americana
Bolsa de NY tem quarta maior queda
da Redação
O índice Dow Jones da Bolsa de
Nova York registrou ontem a
maior queda desde agosto de
1998, em meio à crise financeira
russa. O Dow Jones é o índice que
mede a variação do preço das 30
maiores empresas industriais de
Wall Street, o centro financeiro
norte-americano.
Segundo analistas norte-americanos, a queda do Dow Jones deveu-se ao fato de a Procter &
Gamble ter anunciado uma redução na sua perspectiva de lucros.
Investidores e analistas de mercado consideraram que os maus
prognósticos da Procter & Gamble indicaria uma tendência para
as demais empresas produtoras
de bens de consumo, o que provocou também a baixa das ações
dessas companhias.
A queda do Dow Jones chegou a
superar 4% no meio da tarde. Fechou em 3,68%. Durante a crise
russa, o índice chegou a cair
6,37%. A quebra russa intensificou a crise financeira brasileira,
que culminou na desvalorização
do real, em janeiro de 1999.
Custos em alta
A Procter & Gamble é um dos
maiores conglomerados industriais norte-americanos, o maior
fabricante de bens não-duráveis
-produz de fraldas e cosméticos
a batatas fritas.
A empresa anunciou ontem que
os lucros do primeiro trimestre
deste ano devem ser menores que
os do mesmo período de 99.
As ações da empresa amargaram queda de 30,95%.
Segundo a empresa, o aumento
do custo das matérias-primas
tende a reduzir seus lucros, o que
afetou a avaliação de outras indústrias. Essas empresas devem
anunciar seus resultados do primeiro trimestre no próximo mês.
Baixa geral
A Merrill Lynch, uma das maiores e mais respeitadas empresas
globais de avaliação de risco e desempenho financeiro, baixou a
cotação de todo o setor de produção de bens de consumo não-durável, incluindo Colgate Palmolive e Kimberly Clark, concorrentes da Procter & Gamble.
Richard McCabe, analista-chefe de mercados da Merrill Lynch
disse que os problemas da Procter & Gamble com o aumento de
custo das matérias-primas deve
espalhar preocupações a respeito
da inflação norte-americana.
Um aumento maior da inflação
levaria o banco central norte-americano a intensificar a alta
dos juros básicos da economia
norte-americana. Juros mais altos, consequentemente, aumentariam os custos financeiros das
empresas e diminuiriam seus lucros, afetando o valor de suas
ações.
"As ações das empresas que
produzem bens de consumo não-duráveis são ações preferidas pelos investidores, tidas como ações
seguras", diz McCabe. "Todas as
pessoas precisam do seu sabão e
do seu xampu, não importa como a economia vai".
Mas não importa o quão seguras são essas companhias, diz
McCabe. Os lucros vão cair se o
custo das matérias-primas subir
mais. A má impressão causada
pela Procter & Gamble também
derrubou as ações da American
Express e da Coca-Cola.
Apenas a Exxon Mobil (produtora de petróleo, em alta) e a Microsoft foram capazes de conter
uma baixa ainda maior do Dow
Jones. As ações da empresa de
Bill Gates subiram devido um relatório favorável dos analistas da
Goldman Sachs.
Nasdaq
A confusão e a baixa na Bolsa
também afetou a Nasdaq, que cota as ações das empresas de alta
tecnologia, que têm registrado
um desempenho inverso ao do
Dow Jones.
A Nasdaq abriu o pregão batendo recorde de alta, ultrapassando
a marca histórica dos 5 mil pontos.
Durante todo o dia a Bolsa eletrônica resistiu às fortes quedas
do Dow Jones, mas, no final da
tarde, também cedeu e acabou fechando em baixa de 1,16%.
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