São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO
Alta do custo das matérias-primas das empresas industriais derruba Bolsa norte-americana
Bolsa de NY tem quarta maior queda

da Redação

O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York registrou ontem a maior queda desde agosto de 1998, em meio à crise financeira russa. O Dow Jones é o índice que mede a variação do preço das 30 maiores empresas industriais de Wall Street, o centro financeiro norte-americano.
Segundo analistas norte-americanos, a queda do Dow Jones deveu-se ao fato de a Procter & Gamble ter anunciado uma redução na sua perspectiva de lucros.
Investidores e analistas de mercado consideraram que os maus prognósticos da Procter & Gamble indicaria uma tendência para as demais empresas produtoras de bens de consumo, o que provocou também a baixa das ações dessas companhias.
A queda do Dow Jones chegou a superar 4% no meio da tarde. Fechou em 3,68%. Durante a crise russa, o índice chegou a cair 6,37%. A quebra russa intensificou a crise financeira brasileira, que culminou na desvalorização do real, em janeiro de 1999.

Custos em alta
A Procter & Gamble é um dos maiores conglomerados industriais norte-americanos, o maior fabricante de bens não-duráveis -produz de fraldas e cosméticos a batatas fritas.
A empresa anunciou ontem que os lucros do primeiro trimestre deste ano devem ser menores que os do mesmo período de 99.
As ações da empresa amargaram queda de 30,95%.
Segundo a empresa, o aumento do custo das matérias-primas tende a reduzir seus lucros, o que afetou a avaliação de outras indústrias. Essas empresas devem anunciar seus resultados do primeiro trimestre no próximo mês.

Baixa geral
A Merrill Lynch, uma das maiores e mais respeitadas empresas globais de avaliação de risco e desempenho financeiro, baixou a cotação de todo o setor de produção de bens de consumo não-durável, incluindo Colgate Palmolive e Kimberly Clark, concorrentes da Procter & Gamble.
Richard McCabe, analista-chefe de mercados da Merrill Lynch disse que os problemas da Procter & Gamble com o aumento de custo das matérias-primas deve espalhar preocupações a respeito da inflação norte-americana.
Um aumento maior da inflação levaria o banco central norte-americano a intensificar a alta dos juros básicos da economia norte-americana. Juros mais altos, consequentemente, aumentariam os custos financeiros das empresas e diminuiriam seus lucros, afetando o valor de suas ações.
"As ações das empresas que produzem bens de consumo não-duráveis são ações preferidas pelos investidores, tidas como ações seguras", diz McCabe. "Todas as pessoas precisam do seu sabão e do seu xampu, não importa como a economia vai".
Mas não importa o quão seguras são essas companhias, diz McCabe. Os lucros vão cair se o custo das matérias-primas subir mais. A má impressão causada pela Procter & Gamble também derrubou as ações da American Express e da Coca-Cola.
Apenas a Exxon Mobil (produtora de petróleo, em alta) e a Microsoft foram capazes de conter uma baixa ainda maior do Dow Jones. As ações da empresa de Bill Gates subiram devido um relatório favorável dos analistas da Goldman Sachs.

Nasdaq
A confusão e a baixa na Bolsa também afetou a Nasdaq, que cota as ações das empresas de alta tecnologia, que têm registrado um desempenho inverso ao do Dow Jones.
A Nasdaq abriu o pregão batendo recorde de alta, ultrapassando a marca histórica dos 5 mil pontos.
Durante todo o dia a Bolsa eletrônica resistiu às fortes quedas do Dow Jones, mas, no final da tarde, também cedeu e acabou fechando em baixa de 1,16%.


Texto Anterior: Painel S/A
Próximo Texto: Empresas da Nasdaq têm alta de 70%
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.