São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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COLAPSO NA ARGENTINA

Para aprovar documento antes da chegada do Fundo, governo prometeu mudanças no Senado

FMI protesta contra possível alteração no Orçamento

FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES

A missão do FMI que está na Argentina prometeu ao governo que fará um trabalho rápido para que as negociações pelo pacote de socorro financeiro ao país possam ser iniciadas. Mas, logo no primeiro dia de reuniões com a equipe econômica, os técnicos do Fundo já reclamaram por não estarem de acordo com a votação de emendas ao Orçamento aprovado há poucos dias.
O Senado aprovou o projeto de Orçamento sem modificações, na noite de terça, com a promessa do governo de que seriam votadas, na próxima semana, alterações em alguns tópicos. O governo tinha pressa para que o projeto fosse sancionado antes da chegada da missão do Fundo ao país.
Fechar um pacote de ajuda financeira com o FMI dará a possibilidade de a economia argentina encerrar o ano com uma inflação de 40% e um dólar a três pesos. Isso é o que projeta o cenário com mais chances de se concretizar dentre os quatro desenhados pela consultoria Estudio Broda.
Para o Estudio Broda, uma das mais respeitadas consultorias econômicas da Argentina, o país deve fechar com o FMI (Fundo Monetário Internacional) um pacote em torno de US$ 10 bilhões. Mesmo com o acordo firmado, o governo não conseguirá evitar que o PIB (a soma das riquezas produzidas no país) caia menos que 8%. Sem o pacote de socorro do FMI, o mais provável é que o PIB recue 12%, o dólar encerre o ano em cinco pesos e a inflação alcance 175%.
O informe traz ainda dois cenários, com probabilidades muito baixas de se concretizarem, um com e outro sem acordo com o FMI. No primeiro, o ano encerraria com o PIB em queda de 5%, o dólar vendido a 2,50 e a inflação em 23%. Na outra ponta está uma Argentina caótica, com o PIB recuando 18%, o dólar vendido a 20 pesos e a hiperinflação de volta, com o IPC superando os 1.100%.
Depois de o mercado de câmbio iniciar a semana com certa calmaria, a pressão sobre o preço dólar foi forte ontem. A moeda dos EUA disparou 4,7% diante do peso para fechar a 2,25 pesos.



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