|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Indústria e centrais criticam corte menor no juro
Entidades vêem risco de comprometer crescimento
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros,
anunciada ontem pelo Copom,
deve comprometer o crescimento da economia no primeiro semestre e mostra falta de
sintonia da equipe econômica
com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), segundo afirmam entidades empresariais e centrais sindicais.
"Há pouco mais de um mês,
esperávamos que o Copom fosse reduzir a Selic em 0,5 ponto
percentual, acrescentando otimismo ao então recém-divulgado PAC. No entanto o organismo frustrou essa expectativa, estabelecendo queda de
apenas 0,25 ponto percentual",
afirmou Paulo Skaf, presidente
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Precisamos chegar a dezembro com taxa máxima de 9,75%
[de juros] ao ano, o que significaria juros reais de 6%. Ou não
há PAC que resolva o gargalo do
crescimento", disse.
Para Newton de Mello, presidente da Abimaq (Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas), mais uma vez o Copom
se mostrou "tímido" nas decisões. Ele afirmou que uma redução "mais significativa dos
juros contribuiria para diminuir o fluxo de aplicações financeiras de investidores estrangeiros em títulos brasileiros".
Segundo o empresário, as autoridades monetárias "estariam colaborando para melhorar a situação cambial, que está
estrangulando o desenvolvimento industrial brasileiro, devido à apreciação do real".
Equivocada e medíocre
"[A redução] é decepcionante e frustra os trabalhadores. A
decisão do Copom é equivocada, com pouco impacto para tirar o país da atual estagnação
econômica, e compromete o
primeiro semestre deste ano,
que já caminha para um crescimento raquítico", afirmou Paulo Pereira da Silva, presidente
da Força Sindical.
Na avaliação da CUT, a redução é "medíocre". "Em apenas
dois dias, o Banco Central e seu
Copom conseguiram se superar nas demonstrações de subserviência ao sistema financeiro. Ontem [anteontem] foi absurda a decisão de baixar a remuneração da poupança e das
contas individuais do FGTS.
Hoje [ontem], mais um corte
pífio da taxa básica de juros",
disse Artur Henrique, presidente da CUT.
Para as centrais, a política
econômica adotada pelo governo Lula não cria condições para
o aumento da produção e a
criação de empregos.
A Associação Comercial de
São Paulo informou que a redução era esperada, em decorrência das turbulências dos mercados internacionais, mas está
"abaixo da desejada", segundo
Guilherme Afif Domingos, presidente da entidade.
Para Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-Rio de
Janeiro, "essa mísera redução
do índice manterá o país com
uma taxa básica de juro nominal de mais de 10% e acima de
50% para a ponta, onde está o
consumidor".
Coerência
O diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco, Octavio de Barros, considerou
coerente a ação do Banco Central. Para ele, o mercado deve
ficar atento à ata do Copom,
que será divulgada na próxima
semana, para entender se a
equipe econômica vê espaço
para aumentar o ritmo dos cortes dos juros.
"Pelo que percebo, a estratégia do BC é manter o atual ritmo, com o objetivo de evitar a
todo custo aumentar os juros
em 2008, pois os dados do
quarto trimestre do ano passado são sinais inequívocos de
que a economia brasileira está
crescendo", ponderou ele.
Texto Anterior: Bevilaqua deixa o cargo no meio do encontro do BC Próximo Texto: Frases Índice
|