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IBGE vê Previdência insustentável
Projeções indicam que na metade do século haverá poucas pessoas contribuindo e muitas recebendo
Hoje, para cada pessoa com mais de 65 anos, há dez em idade produtiva, ou seja, pagando contribuições;
em 2050, haverá só três
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As projeções apresentadas
pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) na
primeira reunião do Fórum
Nacional da Previdência Social
mostram que o modelo atual
não se sustenta no longo prazo.
O IBGE estima que em 2050,
para cada pessoa com mais de
65 anos, haverá apenas três em
idade produtiva, isto é, com
condições de contribuir para o
INSS. Hoje, essa relação é de
dez pessoas para cada idoso.
Além disso, daqui a 43 anos,
para cada pessoa que estiver
chegando aos 65 anos, haverá
apenas uma completando 15
anos e entrando na idade produtiva, conforme dados apresentados ontem no Fórum Nacional de Previdência Social.
Para ter uma idéia, a população com 60 anos ou mais, que
hoje é de 17 milhões de pessoas,
será de 64 milhões em 2050.
Aqueles com 80 anos ou mais,
que são apenas 2,3 milhões hoje, serão 13,7 milhões. Isso
equivale à população de Estados como Bahia e Paraná, segundo os dados do IBGE.
Combinados, esse acentuado
processo de envelhecimento,
que aumentará o número de
aposentadorias, e o crescimento muito menor da população
em idade para entrar no mercado de trabalho e recolher as
contribuições que financiam as
aposentadorias e pensões, exigirão mudanças nas regras das
aposentadorias. "Os números
mostram que o modelo atual
não tem condições de se perpetuar até 2050, 2060. Será uma
realidade muito diferente da de
2005", admitiu o ministro Nelson Machado (Previdência).
O aumento da informalidade
é outro problema que afetará as
contas da Previdência. Ana
Amélia Camarano, pesquisadora do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que
também fez uma exposição sobre as mudanças na população
nos próximos anos, considera
esse um problema ainda mais
grave do que o envelhecimento.
Segundo ela, apenas 45,5%
dos homens entre 40 e 60 anos
pagam contribuições à Previdência. Na prática, isso significa que mais da metade dos homens nessa faixa não terá direito de requerer aposentadoria
depois que parar de trabalhar.
Essas pessoas terão de receber
benefícios assistenciais do governo -ou vão piorar muito
sua qualidade de vida.
A pesquisadora propõe mudanças como a criação de uma
idade mínima para a aposentadoria, a impossibilidade de acúmulo das pensões por morte e
aposentadorias, além de mudanças nas regras para as mulheres, que hoje se aposentam
com menos tempo de contribuição (30 anos) que os homens (35 anos).
O fórum tem o objetivo de
encaminhar uma nova proposta de Reforma da Previdência
ao Congresso Nacional até o
fim de agosto. Para medir a
aceitação das mudanças pela
população, o governo pretende
fazer pesquisas via internet. O
levantamento será feito pelo
Núcleo de Assuntos Especiais
da Presidência da República,
mas o formato e o número de
consultas não estão definidos.
A reunião do fórum não foi
acompanhada até o final pelos
presidentes da CUT, Artur
Henrique dos Santos, nem da
Força Sindical, Paulo Pereira
da Silva. O presidente da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro
Neto, deixou o encontro no fim
da manhã.
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