São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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PIB cresceu entre 5,2% e 5,3%, diz Mantega

Segundo ministro, renda per capita no país já se equipara à da década de 1970; dados oficiais do IBGE sobre 2007 saem na quarta-feira

Henrique Meirelles, do Banco Central, afirma que crise nos EUA preocupa e defende acumulação de reservas internacionais

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, antecipou ontem que a economia brasileira cresceu mais de 5% no ano passado. Segundo Mantega, a taxa de expansão do PIB (Produto Interno Bruto), a ser divulgada oficialmente na próxima quarta-feira, ficará entre 5,2% e 5,3%.
"O crescimento está sendo puxado pelo consumo interno e pelo investimento, que está crescendo bem acima da taxa do PIB, e pela produtividade crescente. A economia brasileira está crescendo com aumento de produtividade e de forma sólida", afirmou o ministro a jornalistas, após participar do encontro anual do IIF (Institute of International Finance).
Mantega estima que a produção industrial crescerá em ritmo mais elevado do que no ano passado, quando a taxa de expansão foi de 6%. Ele avalia que o PIB aumentará 5% em 2008.
Segundo ele, a renda per capita hoje já se equipara ao patamar registrado na década de 1970, citado como o "período de ouro" da economia brasileira. Segundo Mantega, isso ocorre porque, embora o país crescesse a taxas de 7% na época, a população crescia a um ritmo de 3% e atualmente o crescimento populacional ocorre em patamar bem mais suave.
Para o ministro, o país tem como principais desafios a condução de reformas econômicas e listou as três mais importantes: a tributária, a política e a previdenciária. "O Brasil não tem estrutura tributária produtiva. Nossos competidores têm uma estrutura mais simples e uma carga menor. Esperamos aprovar a reforma tributária ainda durante este ano."

Crise nos EUA
Após enaltecer os avanços da economia brasileira em discurso, o ministro disse que "a crise do "subprime" ainda não chegou às praias de Copacabana", em referência ao local do encontro, na zona sul do Rio.
A crise no mercado de crédito americano foi alvo de comentários bem humorados por diversos palestrantes. Nasser Saidi, economista-chefe do Dubai International Financial Centre, recomendou ao público: "Esqueçam a tristeza do "subprime" no Oriente Médio".
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, elogiou as medidas anunciadas pelo Fed (o Banco Central norte-americano) no sentido de conferir maior liquidez ao mercado. Destacou relatório elaborado pelo BC que estima em 0,7 ponto percentual o impacto da crise da economia americana na taxa de expansão da economia brasileira neste ano.
Com isso, a projeção do banco passa de 5,2% em 2007 para 4,5% neste ano. Meirelles ressaltou que pretende revisar as projeções após a divulgação do PIB do ano passado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), marcada para a próxima semana.
"Os primeiros reflexos [da crise] no Brasil e nas economias emergentes foram menores do que se esperava. Os preços das commodities são um grande demonstrativo disso", declarou. "A situação dos EUA de fato é um motivo de preocupação para diversos mercados. Houve algumas medidas anunciadas pelo Banco Central americano no sentido de prover mais liquidez. Por outro lado, a expectativa agora será como os mercados emergentes, e particularmente a China, vão reagir a essa desaceleração americana", afirmou Meirelles.
"Por outro lado fica também muito clara uma posição que o Brasil tem de estar muito mais preparado para isso", disse.
Ele defendeu a política de acúmulo de reservas praticada no Brasil. "A crise mostra claramente a grande vantagem do país de estar com as suas reservas. Isso tem um custo de carregamento, o que é real, é forte, mas tem sido menor e os números estão aí para provar os benefícios extraordinários que elas trazem no sentido de dar resistência ao país."


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