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Dilma anuncia casa com prestação zero para a baixa renda
Em palanque na Bahia, ministra diz que "quem não puder pagar nada não pagará nada" no pacote habitacional preparado pelo Planalto
Alvo do programa serão as famílias com renda de até dez mínimos que pagam aluguel; meta é construir
1 mi de casas em dois anos
FERNANDA ODILLA
ENVIADA ESPECIAL A FEIRA DE SANTANA
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) anunciou ontem,
no interior da Bahia, que o novo
programa de habitação do governo federal não vai cobrar nada de quem tem renda zero.
"Quem não puder pagar nada
não pagará nada. Mas haverá
um esforço para todo mundo
contribuir, nem que seja simbolicamente, com a prestação",
disse em discurso em Feira de
Santana (BA) após visitar construção de casas populares do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) na periferia.
Num palanque improvisado
no canteiro de obras, a ministra
pediu, ao lado do governador da
Bahia, Jaques Wagner (PT),
que os prefeitos deem início ao
cadastro do público-alvo do
programa: famílias com renda
entre até dez salários mínimos
que vivem de aluguel. Amanhã,
ela se reúne com prefeitos de
capitais e de grandes cidades
para discutir o programa de
construção subsidiada de 1 milhão de casas em dois anos.
Ontem, Dilma antecipou detalhes do "bolsa habitação". Serão dois padrões de casa: um
modelo popular, para quem ganha até três salários (R$ 1.395),
e um superior, para quem tem
renda de até R$ 4.650. O valor
máximo do imóvel será R$ 130
mil. A ministra disse que as
prestações serão de até 20% da
renda. Assim, quem ganha dez
mínimos pagará, no máximo,
R$ 930 de prestação. O financiamento será de 20 anos.
"Até três salários mínimos
vai pagar o que puder. É uma
prestação simbólica, ou seja,
não serve para cobrir o custo,
mas é importante como compromisso da pessoa que está
entrando no imóvel que vai ser
dela. Nas outras faixas, haverá
um limite de comprometimento da renda e, mesmo assim,
nas faixas de renda mais baixas,
que não são essas de zero a três
[salários mínimos], vai haver
um subsídio significativo."
À noite, já em Salvador, após
a Folha pedir mais detalhes sobre a prestação zero, Dilma disse que as casas não serão grátis.
Afirmou que o governo vai cobrar valores "irrisórios" dos
mais carentes, por achar que é
importante a família assumir
um compromisso de quitar o
imóvel próprio. Mas ressalvou
que "quem ganha zero, não tem
como pagar", ponderando que
essa será uma parcela muito
pequena dos beneficiados.
Diferentemente do que o
presidente Lula disse em Vitória na sexta, Dilma afirmou que
não haverá cobrança de taxas
antes da entrega das chaves.
"As pessoas pagarão só a partir
das chaves em todas as hipóteses. Não paga nada antes de entrar." Lula disse que seriam cobradas prestações simbólicas
até as famílias se mudarem para, então, passarem a pagar as
prestações da casa própria.
O programa não se limita aos
subsídios que vão assegurar
prestações simbólicas. As famílias na faixa até dez salários mínimos contarão com o Fundo
Garantidor, que terá cerca de
R$ 500 milhões do Tesouro e
vai bancar prestações dos mutuários que ficarem desempregados. Os mutuários com renda
até três salários mínimos poderão suspender o pagamento
das prestações por até 36 meses, mas terão de quitá-las ao
fim do contrato. Para a faixa de
até cinco salários, o Fundo
honrará até 24 meses; no grupo
até dez mínimos, 12 meses.
Foi a forma que o governo
encontrou para encorajar os
bancos a conceder financiamentos a profissionais autônomos, com dificuldade de comprovar renda. Embora as medidas priorizem a população de
baixa renda, a classe média
também será beneficiada.
Está em estudo ampliar o limite do valor dos imóveis que
podem ser pagos com o FGTS
do mutuário. O valor deve passar de R$ 350 mil para R$ 600
mil.
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