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Consumo menor "traga" zona do euro e Japão
DE NOVA YORK
Além de quantificar a "destruição da riqueza" nos EUA, o
novo relatório do IIF sobre a
economia global prevê um cenário ainda mais pessimista do
que os anteriores para a zona
do euro e para o Japão.
O principal motivo, mais
uma vez, está concentrado nos
EUA: a queda no consumo das
famílias derrubou de forma
abrupta o setor exportador nas
maiores economias do mundo,
em especial no Japão, na Alemanha e na China -esta, por
sua vez, vem comprando menos produtos básicos de países
como o Brasil, reforçando o
quadro de recessão global.
"A escala e a velocidade do
declínio das exportações não
têm precedentes", afirma o IIF
sobre a economia japonesa, por
exemplo. No quarto trimestre
de 2008, a indústria do país sofreu uma contração de 40% em
termos anualizados.
Para a zona do euro, o IIF revisou sua previsão de contração
neste ano de -1,8% para -2,8% e
prevê que a recessão será "bem
mais longa que o esperado".
Entre os motivos, a forte dependência no setor exportador
e a alta exposição de alguns países ao endividamento bancário
e à explosão da "bolha imobiliária" -casos de Irlanda e Espanha, respectivamente.
Em uma clara indicação de
como a região e sua maior economia devem sofrer neste ano,
as exportações do setor de máquinas e equipamentos na Alemanha despencaram 47% em
janeiro, refletindo cortes de investimentos em várias regiões
do mundo.
Na última quinta, o Banco
Central Europeu cortou o juro
básico na região em 0,5 ponto
percentual para 1,5%, o menor
da sua ainda breve história.
"Para onde quer que você olhe
na Europa, as notícias são horríveis", diz Ken Wattret, economista do banco BNP Paribas.
Segundo relatório da consultoria RGE Monitor, do economista Nouriel Roubini, a atual
recessão na Europa é muito
pior do que a do período 1992-1993. "A forte industrialização
da economia europeia a deixa
mais sensível a mudanças cíclicas e à queda das importações
de outros países", diz a RGE.
Depois de atingir níveis recordes em 2008, o valor dos fretes em uma das regiões de
transportes de contêineres
mais movimentadas do mundo,
o mar Báltico, teve forte queda
no fim do ano passado. E a recuperação em 2009 ainda é
muito tímida.
A China, com alguma chance
de recuperação, também está
entre os afetados. "A visão pessimista no caso da China é que,
como a economia é fortemente
direcionada ao setor exportador, as exportações em queda
vão diminuir os investimentos
internos das empresas, que devem cortar empregos e salários,
levando a uma queda mais geral
no consumo interno", diz Arthur Kroeber, da empresa de
consultoria Dragonomics.
Na sexta-feira, o FMI (Fundo
Monetário Internacional) lançou mais um alerta sobre nova
fonte de potencial catástrofe
para a economia mundial: o
forte e rápido aumento dos déficits fiscais em vários países.
Como os governos vêm se
tornando pouco a pouco o principal indutor de gastos, com
uma série de pacotes de estímulos, os déficits estatais como
proporção do PIB estão crescendo rapidamente, o que pode
comprometer a confiança de
investidores que compram títulos públicos desses países (e
os financiam).
Só nos EUA, o aumento do
déficit fiscal entre 2006 e este
ano será da ordem de dez pontos percentuais, refletindo os
pacotes trilionários de estímulo à economia e de socorro ao
setor financeiro -vistos como
absolutamente necessários para atenuar a crise.
"No final das contas, há amplas razões para ficarmos preocupados com as chances de
mergulharmos em uma depressão, com a economia encolhendo mais de 10%, algo não
visto desde os anos 1930", afirma Robert Barro, professor da
Universidade de Harvard.
(FCZ)
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