São Paulo, domingo, 08 de março de 2009

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Consumo menor "traga" zona do euro e Japão

DE NOVA YORK

Além de quantificar a "destruição da riqueza" nos EUA, o novo relatório do IIF sobre a economia global prevê um cenário ainda mais pessimista do que os anteriores para a zona do euro e para o Japão.
O principal motivo, mais uma vez, está concentrado nos EUA: a queda no consumo das famílias derrubou de forma abrupta o setor exportador nas maiores economias do mundo, em especial no Japão, na Alemanha e na China -esta, por sua vez, vem comprando menos produtos básicos de países como o Brasil, reforçando o quadro de recessão global.
"A escala e a velocidade do declínio das exportações não têm precedentes", afirma o IIF sobre a economia japonesa, por exemplo. No quarto trimestre de 2008, a indústria do país sofreu uma contração de 40% em termos anualizados.
Para a zona do euro, o IIF revisou sua previsão de contração neste ano de -1,8% para -2,8% e prevê que a recessão será "bem mais longa que o esperado". Entre os motivos, a forte dependência no setor exportador e a alta exposição de alguns países ao endividamento bancário e à explosão da "bolha imobiliária" -casos de Irlanda e Espanha, respectivamente.
Em uma clara indicação de como a região e sua maior economia devem sofrer neste ano, as exportações do setor de máquinas e equipamentos na Alemanha despencaram 47% em janeiro, refletindo cortes de investimentos em várias regiões do mundo.
Na última quinta, o Banco Central Europeu cortou o juro básico na região em 0,5 ponto percentual para 1,5%, o menor da sua ainda breve história. "Para onde quer que você olhe na Europa, as notícias são horríveis", diz Ken Wattret, economista do banco BNP Paribas.
Segundo relatório da consultoria RGE Monitor, do economista Nouriel Roubini, a atual recessão na Europa é muito pior do que a do período 1992-1993. "A forte industrialização da economia europeia a deixa mais sensível a mudanças cíclicas e à queda das importações de outros países", diz a RGE.
Depois de atingir níveis recordes em 2008, o valor dos fretes em uma das regiões de transportes de contêineres mais movimentadas do mundo, o mar Báltico, teve forte queda no fim do ano passado. E a recuperação em 2009 ainda é muito tímida.
A China, com alguma chance de recuperação, também está entre os afetados. "A visão pessimista no caso da China é que, como a economia é fortemente direcionada ao setor exportador, as exportações em queda vão diminuir os investimentos internos das empresas, que devem cortar empregos e salários, levando a uma queda mais geral no consumo interno", diz Arthur Kroeber, da empresa de consultoria Dragonomics.
Na sexta-feira, o FMI (Fundo Monetário Internacional) lançou mais um alerta sobre nova fonte de potencial catástrofe para a economia mundial: o forte e rápido aumento dos déficits fiscais em vários países.
Como os governos vêm se tornando pouco a pouco o principal indutor de gastos, com uma série de pacotes de estímulos, os déficits estatais como proporção do PIB estão crescendo rapidamente, o que pode comprometer a confiança de investidores que compram títulos públicos desses países (e os financiam).
Só nos EUA, o aumento do déficit fiscal entre 2006 e este ano será da ordem de dez pontos percentuais, refletindo os pacotes trilionários de estímulo à economia e de socorro ao setor financeiro -vistos como absolutamente necessários para atenuar a crise.
"No final das contas, há amplas razões para ficarmos preocupados com as chances de mergulharmos em uma depressão, com a economia encolhendo mais de 10%, algo não visto desde os anos 1930", afirma Robert Barro, professor da Universidade de Harvard. (FCZ)


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