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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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FINANCIAMENTO

Produção extra seria adquirida pela Conab

Governo põe mais R$ 1,2 bilhão no Pronaf para atender ao Fome Zero

ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal planeja disponibilizar R$ 3,5 bilhões para a agricultura familiar, um aumento de R$ 1,2 bilhão em relação ao volume liberado para o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) no ano passado. Com isso, espera suprir uma demanda gerada pela implantação do programa Fome Zero, que, segundo o governo, deve atender 1,5 milhão de famílias neste ano.
As principais culturas estimuladas no plano de safra 2003/2004 serão arroz, feijão, milho, trigo e mandioca, além da produção de leite e de frango. De acordo com o secretário da Agricultura Familiar, Valter Bianchini, serão investidos R$ 700 milhões a mais do que em 2002 na produção destes alimentos.
Pela estimativa das diretrizes do plano de safra, com a implantação do Fome Zero, a demanda de arroz, por exemplo, deve crescer 4,0% (475,6 mil toneladas) e a de trigo, 4,54% (477,6 mil toneladas).
Existem, no Brasil, mais de 4 milhões de estabelecimentos de agricultura familiar, o que corresponde a 85% dos estabelecimentos rurais. Em 2002, o Pronaf fechou 950 mil contratos. "Há um passivo de 3 milhões de estabelecimentos sem acesso ao crédito", diz Adoniram Sanches, do Pronaf. Agora, o órgão quer fechar 1,4 milhão de contratos.
Luciano Marcos de Carvalho, assessor econômico da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), põe dúvidas sobre se a agricultura familiar e os assentamentos da reforma agrária conseguirão suprir sozinhos a demanda gerada pelo Fome Zero. "É uma perspectiva desejável, mas ambiciosa. Se não incrementar também a agricultura comercial, pode comprometer o governo."
A produção extra gerada pelo incremento do crédito ao agricultor familiar deverá ser adquirida pela Conab (Companhia nacional de Abastecimento). A Conab possui 53 armazéns no país (fora os que são destinados à armazenagem de café). Desses, 20 iam ser desativados, todos nas regiões Norte e Nordeste do país.
Com o projeto, os planos de desativação foram cancelados. Os detalhes operacionais desse processo estavam sendo acertados ontem, em reunião entre o presidente da Conab, Luís Carlos Guedes Pinto, e membros do governo.


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