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Planalto estuda reduzir IPI para geladeira, fogão e máquina de lavar
Eduardo Knapp - 2.jan.2008/Folha Imagem
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Consumidores passam por seção de geladeiras em loja, em São Paulo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O governo estuda a possibilidade de reduzir e até zerar o IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) de geladeiras,
fogões, máquinas de lavar e
tanquinhos, como mais uma
medida de combate à crise.
Atualmente, as alíquotas cobradas sobre esses produtos
vão de 5%, no caso dos fogões,
até 20%, para as máquinas de
lavar. Pela proposta, a medida
seria temporária para estimular a produção nas empresas do
setor, com capacidade ociosa
devido à redução no nível de
atividade econômica.
A perda de arrecadação dependerá da redução no imposto. Levantamentos preliminares da área econômica mostram que cada ponto percentual de corte no IPI de geladeiras, por exemplo, custa ao governo R$ 39 milhões ao ano.
Dessa forma, se a queda for
de cinco pontos, o governo
abrirá mão de R$ 190 milhões.
No caso das máquinas de lavar,
o custo é de R$ 16 milhões a cada ponto de corte no IPI.
A ideia de trocar geladeiras
antigas, que emitem gases causadores do efeito-estufa, por
novas também ganhou impulso
agora devido aos efeitos da crise. A proposta já vinha sendo
estudada desde 2008 pelos ministérios de Minas e Energia,
Meio Ambiente e Desenvolvimento Social. A troca passou a
ser encarada pela área econômica como outra forma de estimular a indústria.
Segundo dados do Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra de
Domicílios), 5 milhões de famílias não têm o eletrodoméstico
e, pelo que está sendo negociado agora com os empresários,
teriam acesso facilitado à geladeira. O programa ainda está
em fase de elaboração.
Mas a Folha apurou que a
desoneração está condicionada
à possibilidade de troca de uma
geladeira velha por uma nova,
no caso das famílias que já têm
o eletrodoméstico.
O governo estava disposto a
arcar com a logística, buscando
o produto velho na casa do
comprador. Mas, ao perceber a
complexidade da operação, decidiu negociar o procedimento
com empresários.
Se a iniciativa privada aceitar, a redução do IPI será
maior, podendo até ser zerado
para as famílias de baixa renda.
Procurada, a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes
de Produtos Eletroeletrônicos)
disse em nota não ter sido informada oficialmente sobre a
redução do IPI.
Inicialmente, o governo trabalhou com lista de 20 eletroeletrônicos, mas limitou os estudos aos itens mais populares.
Também com o objetivo de
estimular o consumo, o governo já reduziu a tributação de
veículos, motos e materiais de
construção. Além disso, o Banco Central liberou recursos para os bancos elevarem a oferta
de crédito e reduziu o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para pessoas físicas.
Produção em queda
A piora nas condições de financiamento de eletrodomésticos reduziu a demanda pelos
produtos. O cenário ficou pior
com a queda de exportações para a Argentina, um importante
mercado para o setor.
Após registrar um aumento
de 4,5% na produção no acumulado do ano passado até setembro, o setor de linha branca
registra apenas resultados negativos desde então.
A indústria interrompeu o ciclo de alta até setembro passado e sofreu queda de 9,9% no
último trimestre de 2008. A retração prosseguiu neste ano,
com um declínio de 12,2% na
produção no primeiro bimestre, segundo o IBGE.
"Esse é um segmento muito
atrelado ao crédito. Por isso,
sentiu de forma muito intensa
a crise", afirma André Macedo,
economista da coordenação de
indústria do IBGE.
Apesar das medidas do governo, o setor deve ainda enfrentar queda de até 3,5% nas
vendas e de 6% na produção
neste ano, segundo estimativa
da RC Consultores.
(SIMONE IGLESIAS, LEANDRA PERES e PAULO DE ARAUJO)
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