|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Modelo de reajuste pode passar por uma revisão, admite Aneel
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor-geral da Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica), Nelson Hubner, defendeu ontem a revisão da metodologia de reajuste das tarifas
de energia elétrica no Brasil,
além de uma reforma tributária
que reduzira o peso do ICMS na
tarifa de energia.
A afirmação foi feita durante
a reunião na qual foram definidos os reajustes tarifários para
a Cemig, a Cemat e a CPFL. Segundo ele, a agência tem poder
de reduzir os ganhos das concessionárias e repassá-los ao
consumidor, mas essa possibilidade só atingiria uma parcela
da tarifa (cerca de um terço). Os
impostos alcançam até 40% do
preço final da energia elétrica.
Hubner disse que os reajustes, mesmo em momento de
crise e de queda da demanda,
como o atual, estão previstos
nos contratos de concessão,
mas afirmou que o governo pode aproveitar o momento de renovação das concessões e incluir a discussão para a mudança do atual modelo de revisão e
reajuste de tarifas.
O setor de energia elétrica repete neste momento o mesmo
problema enfrentado por consumidores de gás natural. O
modelo de reajuste tarifário
previsto nos contratos não reflete o momento econômico.
No caso do gás, as indústrias
pagam agora um combustível
que ainda é influenciado pelo
preço recorde de US$ 140 do
barril de petróleo em meados
de 2008, enquanto o preço
atual é um terço daquele.
No setor elétrico, além da alta do dólar, que afeta o custo da
energia de Itaipu, há cerca de
R$ 12,8 bilhões em encargos setoriais que vão onerar as tarifas. "O peso desses encargos
poderia ser menor. Só isso ajudaria a reduzir o preço da energia", diz Ricardo Lima, presidente da Abrace (Associação
Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia
e Consumidores Livres).
Nessa conta dos encargos setoriais, estão, por exemplo, R$
4 bilhões para custear a conta
de combustível de regiões que
estão fora do sistema interligado de transmissão, R$ 1,5 bilhão para um fundo que bancará no futuro concessões retomadas pelo Estado e R$ 2,5 bilhões da conta de desenvolvimento energético (espécie de
subsídio para a baixa renda).
Há uma conta amarga que
entrou neste ano: os R$ 2,3 bilhões que o país gastou para gerar energia térmica a gás e óleo
em 2008. O valor só existe por
causa da falta de novas hidrelétricas no país.
"O governo pode trabalhar
para que haja hidrelétricas nos
leilões de energia de novas usinas e, assim, evitarmos a geração térmica, custosa do ponto
de vista financeiro e ambiental", afirma Tiago Leite Ferreira, coordenador de energia da
Abiape (Associação Brasileira
de Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica).
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Deflação: IGP-DI tem sua maior queda desde 1995 Índice
|