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Sadia tenta se isentar de perda cambial, diz ex-diretor
Acionistas decidiram processar ex-executivo por prejuízo
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ameaçado de processo na
Justiça, o ex-diretor financeiro
da Sadia Adriano Ferreira veio
a público para afirmar que a
empresa e os demais executivos decidiram culpá-lo para se
isentarem de responsabilidade
por conta das perdas com hedge [proteção] cambial -que levaram a companhia a ter prejuízo de R$ 2,5 bilhões em
2008. Os acionistas decidiram
em assembleia, anteontem,
processá-lo pelos prejuízos.
Para Ferreira, a decisão dos
acionistas da Sadia se deve a falhas "conceituais" do relatório
da consultoria BDO Trevisan,
contratada para apurar as responsabilidades, que foca o valor final das perdas, e não considera os prognósticos na data
em que as operações foram fechadas. Ferreira disse que teve
acesso negado ao relatório.
"A decisão de me processar é
uma clara tentativa de isentar
os demais administradores da
Sadia, que geriram a companhia junto comigo e que compartilharam as mesmas decisões e as consequências positivas delas", disse, em nota.
Acusado no relatório de não
reportar devidamente os riscos
assumidos aos superiores, Ferreira disse que avisou imediatamente o conselho após saber
das possíveis perdas e que inclusive trabalhou para zerá-las.
"Durante toda a minha permanência na empresa, trabalhei
enquadrado nos parâmetros de
riscos aceitos por ela. Cumpri
com rigor a prestação de contas, me reportando diretamente ao presidente do conselho."
O executivo afirma que a Sadia tinha controles internos deficientes, fato evidenciado mais
tarde por mudanças na estrutura de reporte. De acordo com
ele, os instrumentos financeiros que deram prejuízos sempre fizeram parte do dia a dia da
empresa e tiveram papel essencial nos últimos seis anos, respondendo por cerca de 60% do
lucro nesse período. Afirmou
ainda que todas as operações
sempre foram registradas, contabilizadas e auditadas.
A Folha tentou falar com a
Sadia e com a BDO Trevisan
ontem, mas não teve retorno.
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