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CRISE NO AR
Banco do Brasil, Infraero, BR Distribuidora e BNDES terão 60% da empresa em 2005, caso fusão se viabilize
Plano prevê Varig/TAM estatal em 2 anos
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A nova companhia aérea que
surgirá da fusão da Varig com a
TAM, caso o contrato entre as
duas empresas seja firmado, vai se
tornar uma estatal federal dentro
de dois anos. A Folha apurou ontem que a expectativa de executivos envolvidos no negócio é de
que o governo (via Banco do Brasil, Infraero, BR Distribuidora e
BNDES) terá cerca de 60% da
"nova Varig" a partir de 2005.
A "nova Varig" somente não será uma estatal já em 2003 por causa de exigências da Fundação Ruben Berta (controladora da Varig). Por causa disso, o vencimento das debêntures de garantia de
um empréstimo de R$ 1 bilhão
reivindicado pelos executivos ligados à fusão ao BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) seria 2005.
A Varig quer garantir que sua
participação de 5% na nova empresa não seja reduzida nos próximos dois anos. As debêntures do
BNDES, caso ele conceda o empréstimo, venceriam então em
2005, um ano antes do final do governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Executivos ligados ao processo
de fusão entendem que o BNDES
não conseguiria receber o pagamento do empréstimo de R$ 1 bilhão, nem repassar as debêntures
para outras empresa. Em 2005,
portanto, caso a nova empresa seja criada, o BNDES passaria a ser
sócio da "nova Varig".
Mesmo assim, segundo o projeto de fusão que tem sido elaborado pelo banco Fator e outros consultores, o governo passaria a ser
o principal controlador da "nova
Varig" já no seu nascimento, previsto para meados do segundo semestre de 2003.
Isso porque a Infraero, Banco
do Brasil e BR Distribuidora, entre outros credores da Varig e da
TAM, teriam 40% do capital da
"nova Varig". A carta-consulta da
Varig e da TAM sobre o projeto
de modelagem da "nova Varig"
está pronta e deve ser entregue
hoje ao BNDES.
Fiador
O projeto em elaboração prevê
as seguintes participações na "nova Varig" em 2003: 5% do capital
seria da Varig (a Fundação Ruben
Berta teria pouco mais de 2,5%, e
outros acionistas da empresa o
restante), a TAM teria 35%, as estatais federais 40% e os credores
internacionais 25%.
A fundação terá direito a pouco
mais de 2,5% da "nova Varig",
apesar de ter 87% do controle da
Varig, porque acionistas sem direito a voto detém cerca da metade do capital da empresa.
Quase todos os percentuais podem ser modificados, dependendo das negociações com os credores. O único percentual que não
será mudado são os 5% da Varig.
Os executivos envolvidos na fusão das duas empresas pedem, na
carta-consulta, que o próprio
BNDES seja uma espécie de fiador
moral da Varig e da TAM com os
seus credores.
A idéia é convencer credores como a Boeing e outras empresas de
leasing de aviões a trocar parte da
dívida que tem a receber da Varig
e da TAM por ações da "nova Varig". O BNDES garantiria a viabilidade do negócio. Ainda assim,
parte dos débitos desses credores
não seria paga.
A idéia dos envolvidos nas negociações é de que a dívida não
transformada em ações seria paga
ao longo dos próximos anos.
O total da dívida das duas empresas seria de cerca de R$ 6 bilhões. A TAM afirma que não tem
débitos vencidos, e que as dívidas
a pagar para empresas de aluguel
de aviões estaria em torno de R$
1,8 bilhão.
Dinheiro novo
A nova empresa criada a partir
da fusão entre a Varig e a TAM
precisará, no entanto, de pelo menos US$ 300 milhões em dinheiro
novo do BNDES para tocar o dia-a-dia de suas operações.
Desse total de recursos, a previsão é de que no mínimo US$ 100
milhões sejam necessários para o
pagamento de indenizações trabalhistas com a adoção do programa de reestruturação a ser implantado com a fusão.
O número de funcionários das
duas empresas deverá encolher
dos atuais 24 mil empregados para 16 mil. A fusão entre as duas
companhias irá provocar demissões de cerca de 8.000 trabalhadores, segundo a Folha apurou.
Esses números começaram a ser
discutidos ontem, em reunião no
BNDES, entre os principais credores da Varig (BR Distribuidora,
Banco do Brasil e Infraero) e o
banco Fator.
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