São Paulo, sábado, 08 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIAS DE TENSÃO

Cotação do barril em Nova York chegou a atingir alta recorde durante o dia de ontem, mas fechou em US$ 39,93

Petróleo sobe quase 7% em uma semana

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cotação do barril de petróleo atingiu ontem o pico histórico de US$ 40 em Nova York, o mais elevado desde 1990. Antes do fechamento, o preço recuou para US$ 39,93, mas fechou em alta de 1,42% ante o dia anterior. Ao longo da semana, o preço do produto em Nova York acumulou uma elevação de 6,82%.
Em Londres, o preço do petróleo tipo brent fechou em US$ 37. O preço subiu 1,29%.
As tensões no Oriente Médio - especialmente os recentes tentativas de ataques a instalações de petróleo iraquianas-, os problemas da política externa norte-americana no Iraque e a retração dos estoques de petróleo e gasolina nos Estados Unidos alimentam o temor dos analistas de que as cotações elevadas do petróleo não cedam a curto prazo.
"Nós acreditamos que os preços vão permanecer altos -acima de US$ 35, o barril- pelo menos pelos próximos seis meses", disse à Folha Nariman Behravesh, economista-chefe da consultoria americana Global Insight.
Segundo ele, a cartelização do setor pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) é um dos principais fatores para o cenário de elevação dos preços. Contudo o esquema da organização de manter o atual nível de produção para forçar a alta dos preços pode ruir por causas internas. "Os países que integram a Opep têm sido muito disciplinados em manter o nível de produção. No entanto acreditamos que, quanto mais tempo os preços ficarem altos, maior será a tentação de alguns dos países da Opep de furar o pacto de manutenção do nível de produção para aproveitar as cotações elevadas. Com isso, o preço deverá cair", diz Behravesh.
A expectativa do mercado é que na próxima reunião na Opep, em 3 de junho, a organização decida elevar a cota de produção. Ao longo da semana, autoridades dos bancos centrais da União Européia e da Inglaterra e o secretário do Tesouro americano, Jonh Snow, declararam que os preços podem prejudicar o desempenho da economia mundial.
Numa reunião em Washington, o secretário de Energia dos EUA, Spencer Abraham, solicitou ao ministro do Petróleo da Argélia, Chakib Khelil, que a Opep elevasse o volume produzido. "Nós vamos transmitir a mensagem [dos EUA] durante o encontro da Opep e vamos ver como responderemos a ela", declarou Khelil.
O aumento da demanda por petróleo da economia chinesa e as tensões políticas na Venezuela também alimentam as cotações infladas da commodity. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, porém, diz que o seu país não pode ser responsabilizado. "George W. Bush é o culpado pelos preços acima da média", disse. "[Os EUA] não conseguiram recuperar a produção no Iraque."


Com agências internacionais

Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Saiba mais: Produção da Opep e estoques nos EUA elevam a cotação
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.