São Paulo, sábado, 08 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MEDICINA DE GRUPO

Governo autoriza reajuste de até 11,75% para contratos individuais e familiares; IPCA foi de 5,89%

Planos de saúde sobem o dobro da inflação

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) autorizou ontem um reajuste máximo de 11,75% para contratos individuais e familiares de planos de saúde assinados após a lei nš 9.656/98. É o maior índice concedido desde 1999, quando começou a vigorar a nova legislação dos planos.
Chega a ser praticamente o dobro da inflação acumulada entre maio de 2003 e o mês passado. O reajuste poderá ser aplicado a 4,295 milhões de consumidores, ou seja, 11% dos 38,761 milhões de usuários de planos de saúde. Terá validade a partir da renovação automática de cada contrato.
Para aplicar o aumento, a operadora deve ter autorização da ANS e, depois, informá-lo ao consumidor por meio do boleto de cobrança da mensalidade, especificando o índice e o número do processo que o autorizou.
Entidades representantes das operadoras queriam um índice maior, entre 18% e 24%. Por outro lado, representantes dos usuários esperavam reajuste próximo da inflação no período -no máximo 5,89%, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE.
O diretor-presidente da ANS, Fausto Pereira dos Santos, disse que a agência manteve a metodologia usada para a autorização do aumento. Isto é, utiliza o índice médio obtido na negociação de contratos coletivos (entre operadoras e pessoas jurídicas) nos últimos 12 meses.
"A forma mais fácil diante do percentual acumulado desde 1999 [próximo da inflação] seria mudar a política de reajuste, mas isso traria a possibilidade de desequilibrar o setor. Optamos por manter a metodologia", disse o diretor-presidente da ANS.
O reajuste anual dos contratos coletivos e empresariais, independentemente de terem sido assinados antes ou depois da nova lei, é negociado entre contratante e operadora. Nos últimos 12 meses até abril, a média ficou em 11,75%.
Já para os consumidores que aderiram aos planos de saúde até dezembro de 1998, que representam 58% do total de usuários, vale o aumento previsto no contrato.

Metodologia
"É um momento ruim para dar um reajuste tão alto. Havia um compromisso de ser apresentada uma nova metodologia para o cálculo. A atual não achamos que seja adequada", afirmou Mário Scheffer, representante dos usuários no Conselho Nacional de Saúde, ao saber do índice.
Segundo ele, a preocupação das entidades de defesa do consumidor é que o aumento anual possa prejudicar usuários com contratos antigos que pretendem migrar para as regras atuais.
Santos diz que são casos diferentes e que não há interferência desse reajuste nos outros casos. Ele lembra que as regras do Estatuto do Idoso não tiveram impacto no aumento anual dos planos.
A alteração, porém, tem validade apenas para contratos assinados a partir do início do ano.
Em relação à metodologia usada para o reajuste, Santos afirmou que a FGV já está trabalhando no cálculo de um índice a ser utilizado pelo setor de saúde suplementar. Além disso, em junho, pretende instalar uma câmara técnica para discutir aumentos futuros.
Para o diretor-adjunto de saúde da Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização), Otelo Corrêa dos Santos Filho, os custos na área têm elevação maior que a inflação. Por isso, o setor esperava um reajuste mais elevado.


Texto Anterior: Leite derramado: Parmalat coloca à venda unidade no Uruguai
Próximo Texto: Representante de usuário vê alta em mau momento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.