São Paulo, sábado, 08 de maio de 2004

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FINANÇAS

Saída de recursos no início deste mês é generalizada e já supera o resultado negativo fechado em abril (R$ 1,5 bi)

Fundos perdem R$ 2 bilhões em três dias

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A sangria de recursos dos fundos de investimentos se intensificou. De 3 a 5 de maio, as saídas dessas aplicações ultrapassaram os ingressos em R$ 2,088 bilhões. Essa cifra de apenas três dias já supera a captação líquida negativa de R$ 1,49 bilhão registrada em todo o mês passado. Os dados são do site Fortuna.
A fuga de recursos é generalizada. Os chamados fundos multimercardos -que fazem aplicações em ativos como Bolsas, juros e dólar e, em abril, haviam conseguido bom desempenho- tiveram captação líqüida negativa de R$ 1,2 bilhão no início deste mês.
Os fundos DI e os de renda fixa continuam amargando perdas. Registraram captação negativa de, respectivamente, R$ 425 milhões e R$ 603 milhões.
Essas saídas são explicadas pela piora do mercado doméstico, com Bolsa em queda e dólar em alta, e pela forte desvalorização dos títulos públicos federais. Esses papéis têm alta participação nas carteiras dos fundos e, quando perdem valor no mercado, tendem a acarretar perdas de rentabilidade para os mesmos.
"O movimento atual mostra uma reversão de expectativas", afirma Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna.
Nos últimos três dias, o Tesouro Nacional fez leilões de recompra de títulos públicos pós-fixados, as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), de longo prazo para tentar aliviar a situação dos fundos.
No cenário de riscos maiores, a tendência é que os papéis com vencimentos mais distantes sofram mais oscilações, já que as incertezas associadas ao longo prazo são maiores. É o que tem ocorrido nas últimas semanas.
Com as recompras, o Tesouro abre espaço para que os gestores dos fundos de investimento consigam se livrar desses títulos e reduzir as perdas dos mesmos.
No entanto, segundo analistas, esse tiro pode sair pela culatra. Isso porque, ao perceber que a operação do Tesouro pode ter como objetivo ajudar os fundos, os cotistas tendem a avaliar que os riscos atuais são grandes. Isso pode levar a nova onda de saques.
Entre as aplicações que estão perdendo dinheiro estão fundos destinados a grandes investidores. A preocupação dos analistas é a de que esses investidores decidam direcionar o dinheiro que estão sacando dos fundos para aplicações no exterior.


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