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Indústria e comércio dizem que impacto do programa foi "zero" até o momento
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não teve
impacto na indústria e no emprego, apesar de o governo considerar que metade dos empreendimentos (obras e estudos) estão em ritmo adequado.
A expectativa de representantes da indústria, do comércio e
de trabalhadores é que o programa possa trazer reflexos positivos à economia a partir do
segundo semestre deste ano.
"Nem era esperado que tivesse efeito já. O anúncio do PAC é
recente. É preciso mais tempo
para avaliar", diz Paulo Francini, diretor da Fiesp (federação
das indústrias paulistas). "Dizer que a programação está em
dia não quer dizer que há efeitos reais na economia."
Para Boris Tabacof, diretor
do Ciesp (centro das indústrias) pode ser que o PAC já esteja "andando dentro da estrutura do governo, o que faz com
que a gente se limite a receber
essas informações e fique na
expectativa de que o que acontece no governo passe a acontecer fora dele". Existe a expectativa, segundo Tabacof, de que
alguns setores, como infra-estrutura e construção civil, sejam beneficiados neste ano.
"Mas isso ainda não ocorreu.
O emprego melhorou no primeiro bimestre deste ano, mas
isso não tem relação com o
PAC, e sim com a oferta de crédito e o aumento nos prazos de
financiamento", afirma.
Na análise de Paulo Godoy,
presidente da Abdib, associação da indústria de base, "é preciso haver uma ação incisiva
em torno dos obstáculos que
impedem a condução dos projetos de infra-estrutura de importância estratégica para o
país". Diz ainda que "diversas
obras já constam há anos nos
planos prioritários dos governos, mas ainda não há soluções
concretas para viabilizá-las".
Newton Mello, presidente da
Abimaq, associação dos fabricantes de máquinas, diz que o
setor espera o PAC funcionar
para "sentir os efeitos". "A indústria não vive de projetos,
mas de fornecimento de máquinas e equipamentos", diz.
"O PAC empacou", segundo
Paulo Rabello de Castro, presidente do Conselho de Planejamento da Fecomercio SP, federação do comércio. "Falta um
plano para o desenvolvimento
da economia porque o PAC se
resumiu a um simples plano de
obras. É um capítulo importante, mas não constitui as medidas demandadas há décadas
pelo setor privado. É um equívoco considerá-lo como um
plano mais amplo." Ele diz que
são necessárias medidas como
simplificação tributária, redução da taxa de juros e desmonte
da burocracia no país para que
o programa "decole".
Para a construção civil, o
PAC ainda está longe de resolver os problemas do setor. "Está aquém do que esperávamos,
mas não perdemos a esperança", diz João Claudio Robusti,
presidente do Sinduscon-SP.
"Em saneamento, habitação
popular e em infra-estrutura, o
impacto é zero." O setor espera
crescer 7% neste ano, se "o PAC
"andar" a partir de julho".
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