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Apesar das medidas, pescadores dizem que atividade predatória ainda continua
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O governo estendeu por mais
45 dias a proibição da pesca da
lagosta em todo o litoral brasileiro. Mas pescadores artesanais denunciam que a pesca ilegal e com uso de instrumentos
predatórios continua.
Enquanto isso, pescadores
que conseguiram autorização
da Seap (Secretaria Especial de
Aqüicultura e Pesca) receberão
por apenas mais um mês o seguro-defeso pelo período que
terão de ficar sem trabalhar.
Eles ficarão sem renda nos últimos 15 dias de vigência da proibição, em junho.
Segundo pescadores da colônia Z-8, de Fortaleza (CE), o valor do seguro-defeso, um salário mínimo (R$ 380), é bem inferior ao lucro que conseguem
na pesca, mesmo com a crise da
lagosta. Ficar mais um mês sem
pescar, segundo eles, gera prejuízo ainda maior. "Sou do tempo em que a lagosta era capturada o ano todo. Agora a gente
fica em terra, enquanto o mergulhador tira o resto", disse o
pescador Francisco Gama, 64.
Os pescadores relatam que
barcos ilegais que se valem da
pesca de mergulho com compressor (que leva ar, de um botijão de gás, ao mergulhador,
sem qualquer segurança), tida
como uma das mais perigosas,
continuam em atividade e com
nova tecnologia, que permite
pesca até à noite.
A nova modalidade é a pesca
com marambaia, tipo de tambor implantado no mar para
servir de abrigo para a lagosta e
que depois é facilmente localizado por GPS para a captura
com a ajuda do compressor.
Em abril, a Polícia Federal
apreendeu, no Ceará, cerca de
250 quilos de lagosta capturada
ilegalmente, em pleno período
de defeso. "A pesca ilegal tem
tirado do mar muito mais do
que isso, no defeso. É hora de a
fiscalização agir. Quando acabar a proibição, talvez não sobre nada a ser pescado", disse
René Scharer, líder da comunidade de pescadores da Prainha
do Canto Verde, em Beberibe.
Os pescadores da localidade
apóiam as novas regras e não
reclamam da prorrogação do
defeso. Eles até têm reservado
R$ 50 mensais do seguro-defeso para fortalecer um fundo da
comunidade e abastecer barco
próprio para apoiar a fiscalização do governo.
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