São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

Texto Anterior | Índice

Apesar das medidas, pescadores dizem que atividade predatória ainda continua

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O governo estendeu por mais 45 dias a proibição da pesca da lagosta em todo o litoral brasileiro. Mas pescadores artesanais denunciam que a pesca ilegal e com uso de instrumentos predatórios continua.
Enquanto isso, pescadores que conseguiram autorização da Seap (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca) receberão por apenas mais um mês o seguro-defeso pelo período que terão de ficar sem trabalhar. Eles ficarão sem renda nos últimos 15 dias de vigência da proibição, em junho.
Segundo pescadores da colônia Z-8, de Fortaleza (CE), o valor do seguro-defeso, um salário mínimo (R$ 380), é bem inferior ao lucro que conseguem na pesca, mesmo com a crise da lagosta. Ficar mais um mês sem pescar, segundo eles, gera prejuízo ainda maior. "Sou do tempo em que a lagosta era capturada o ano todo. Agora a gente fica em terra, enquanto o mergulhador tira o resto", disse o pescador Francisco Gama, 64.
Os pescadores relatam que barcos ilegais que se valem da pesca de mergulho com compressor (que leva ar, de um botijão de gás, ao mergulhador, sem qualquer segurança), tida como uma das mais perigosas, continuam em atividade e com nova tecnologia, que permite pesca até à noite.
A nova modalidade é a pesca com marambaia, tipo de tambor implantado no mar para servir de abrigo para a lagosta e que depois é facilmente localizado por GPS para a captura com a ajuda do compressor.
Em abril, a Polícia Federal apreendeu, no Ceará, cerca de 250 quilos de lagosta capturada ilegalmente, em pleno período de defeso. "A pesca ilegal tem tirado do mar muito mais do que isso, no defeso. É hora de a fiscalização agir. Quando acabar a proibição, talvez não sobre nada a ser pescado", disse René Scharer, líder da comunidade de pescadores da Prainha do Canto Verde, em Beberibe.
Os pescadores da localidade apóiam as novas regras e não reclamam da prorrogação do defeso. Eles até têm reservado R$ 50 mensais do seguro-defeso para fortalecer um fundo da comunidade e abastecer barco próprio para apoiar a fiscalização do governo.


Texto Anterior: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.