São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2008

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Argentina admite erro no índice de inflação

Instituto afirma que vai mudar base de indicador

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

O chefe-de-gabinete do governo da Argentina, Alberto Fernández, reconheceu ontem que há erros na base de cálculo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC, que mede a inflação) durante a Jornada Internacional do IPC, organizada pelo Indec (equivalente ao IBGE brasileiro), em Buenos Aires. Segundo Fernández, o Indec "não media a realidade".
A declaração de Fernández é uma rara demonstração do governo de que o problema da inflação é crescente na Argentina. O país tem uma inflação declarada anual de 8%, mas especialistas dizem que o índice real poderia ser o triplo. O Indec sofre intervenção desde janeiro do ano passado, mas o tema era um tabu para o governo.
O chefe-de-gabinete disse que o atual índice é baseado numa cesta de produtos de 1996, quando ainda havia a paridade do peso com o dólar e os argentinos consumiam muitos importados.
No novo índice, haverá menos produtos e serão eliminados os importados porque geram "preços distorcidos".
No mesmo encontro, a presidente do Indec, Ana María Edwin, afirmou que serão feitas mudanças na base do IPC com o "desafio de colocar as estatísticas em dia".
No dia anterior, a Justiça havia ordenado que o Indec explicasse como calcula a inflação a pedido da Associação dos Direitos Civis.

Piquete antiinflação
Culpando shoppings e supermercados pela inflação, manifestantes que apóiam o governo fizeram protestos ontem na frente de um dos principais centros comerciais de Buenos Aires, o Abasto Shopping, para pedir que reduzam os preços e que ajudem a abastecer restaurantes populares.
O protesto dos chamados "piqueteiros K", do grupo Bairros de Pé, causou confusão no trânsito. As manifestações também aconteceram na frente de supermercados em diferentes cidades da Grande Buenos Aires.
A ação piqueteira foi uma reação de apoio ao discurso da presidente Cristina Kirchner, na segunda-feira, em que atribuiu a alta dos preços aos empresários e ao setor agropecuário. "Os empresários formadores de preços em toda a cadeia produtiva falam como se não tivessem nada a ver e não fossem atores importantes no tema da inflação", disse a presidente.
Apesar da relação entre a ação e o discurso, o chefe-de-gabinete afirmou ontem que o governo não tem nada a ver com os piquetes.
O Indec divulgará amanhã a inflação de abril. Apesar de consultorias especializadas afirmarem que o índice ficaria entre 1,5% e 2,6%, acredita-se que o governo divulgará uma alta de 0,6% a 0,8%.


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