São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2008

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Alta do petróleo derruba resultado da Braskem

Lucro líquido recua 35% e geração de caixa cai 32%

DA REPORTAGEM LOCAL

A disparada do preço internacional do petróleo afetou fortemente o resultado financeiro no primeiro trimestre de 2008 da Braskem, maior petroquímica da América Latina, controlada pelo Grupo Odebrecht. Nem o forte crescimento da demanda interna por resinas plásticas (que subiu na média 10%), tampouco o aumento de preços dos produtos ou o programa de redução de custos foram capazes de compensar o impacto no balanço financeiro provocado pela forte alta do preço da nafta.
A nafta é um derivado do petróleo e principal matéria-prima da companhia para a produção de resinas plásticas, como o PVC (usado na construção civil) ou polipropileno e polietilenos, base para uma infinidade de produtos de consumo.
O lucro líquido da companhia caiu 35% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2007 e fechou a R$ 83 milhões. A receita líquida manteve-se estável em R$ 4,4 bilhões de janeiro a março nos dois anos.
Segundo a direção da companhia, o impacto do aumento de preço da nafta foi de US$ 589 milhões no balanço da empresa. O preço da principal matéria-prima da companhia passou de US$ 533 por tonelada no primeiro trimestre de 2007 para US$ 811 por tonelada na média dos três primeiros meses deste ano. O resultado afetou fortemente a chamada geração de caixa da companhia, item do balanço observado pelo mercado para avaliar a capacidade que uma empresa tem de pagar suas dívidas.
Na comparação entre o primeiro trimestre de 2007 e o de 2008, a redução do chamado Ebitda (lucro antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização de dívidas) foi de 32%. Passou de R$ 853 milhões para R$ 583 milhões. O resultado ajudou a elevar a relação dívida líquida/Ebitda de 1,93 vez para 2,56 vezes. O empréstimo-ponte de US$ 1,2 bilhão para a compra da parte petroquímica do Grupo Ipiranga também ajudou a elevar essa relação. A empresa deve refinanciar essa dívida ainda neste semestre.

Hora de conversar
A Braskem aguarda o ingresso da Petrobrás como sócia da companhia para tentar mudar o atual modelo de definição de preço da nafta. Segundo a direção da Braskem, chegou a hora de uma "discussão mais estruturada" com a estatal, a principal fornecedora da nafta.
De acordo com José Carlos Grubisich, presidente da Braskem, a companhia é, depois da BR Distribuidora, a maior compradora de derivados da Petrobrás. A empresa alega que compra US$ 7 bilhões de nafta por ano e é obrigada a pagar o preço internacional pela matéria-prima, sem qualquer desconto.
A companhia quer discutir, não só com a Petrobras, mas com o governo, uma "política" de preços que abandone o atual modelo de preço internacional. A Petrobras já disse que não pretende alterar a atual fórmula de preços.
"Houve ganhos de produtividade, melhoria de competitividade, aumento de preços de resinas, mas é impossível melhorar rentabilidade com o nível elevado de preços da matéria-prima", diz Grubisich. O temor da Braskem está na manutenção da alta do petróleo. Isso pode provocar um impacto grande no balanço da companhia ao final do ano.
(AGNALDO BRITO)


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