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Alta do petróleo derruba resultado da Braskem
Lucro líquido recua 35% e geração de caixa cai 32%
DA REPORTAGEM LOCAL
A disparada do preço internacional do petróleo afetou
fortemente o resultado financeiro no primeiro trimestre de
2008 da Braskem, maior petroquímica da América Latina,
controlada pelo Grupo Odebrecht. Nem o forte crescimento da demanda interna por resinas plásticas (que subiu na média 10%), tampouco o aumento
de preços dos produtos ou o
programa de redução de custos
foram capazes de compensar o
impacto no balanço financeiro
provocado pela forte alta do
preço da nafta.
A nafta é um derivado do petróleo e principal matéria-prima da companhia para a produção de resinas plásticas, como o
PVC (usado na construção civil) ou polipropileno e polietilenos, base para uma infinidade
de produtos de consumo.
O lucro líquido da companhia caiu 35% no primeiro trimestre em relação ao mesmo
período de 2007 e fechou a R$
83 milhões. A receita líquida
manteve-se estável em R$ 4,4
bilhões de janeiro a março nos
dois anos.
Segundo a direção da companhia, o impacto do aumento de
preço da nafta foi de US$ 589
milhões no balanço da empresa. O preço da principal matéria-prima da companhia passou de US$ 533 por tonelada no
primeiro trimestre de 2007 para US$ 811 por tonelada na média dos três primeiros meses
deste ano. O resultado afetou
fortemente a chamada geração
de caixa da companhia, item do
balanço observado pelo mercado para avaliar a capacidade
que uma empresa tem de pagar
suas dívidas.
Na comparação entre o primeiro trimestre de 2007 e o de
2008, a redução do chamado
Ebitda (lucro antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização de dívidas) foi de 32%. Passou de R$
853 milhões para R$ 583 milhões. O resultado ajudou a elevar a relação dívida líquida/Ebitda de 1,93 vez para 2,56 vezes. O empréstimo-ponte de
US$ 1,2 bilhão para a compra da
parte petroquímica do Grupo
Ipiranga também ajudou a elevar essa relação. A empresa deve refinanciar essa dívida ainda
neste semestre.
Hora de conversar
A Braskem aguarda o ingresso da Petrobrás como sócia da
companhia para tentar mudar
o atual modelo de definição de
preço da nafta. Segundo a direção da Braskem, chegou a hora
de uma "discussão mais estruturada" com a estatal, a principal fornecedora da nafta.
De acordo com José Carlos
Grubisich, presidente da Braskem, a companhia é, depois da
BR Distribuidora, a maior compradora de derivados da Petrobrás. A empresa alega que compra US$ 7 bilhões de nafta por
ano e é obrigada a pagar o preço
internacional pela matéria-prima, sem qualquer desconto.
A companhia quer discutir,
não só com a Petrobras, mas
com o governo, uma "política"
de preços que abandone o atual
modelo de preço internacional.
A Petrobras já disse que não
pretende alterar a atual fórmula de preços.
"Houve ganhos de produtividade, melhoria de competitividade, aumento de preços de resinas, mas é impossível melhorar rentabilidade com o nível
elevado de preços da matéria-prima", diz Grubisich. O temor
da Braskem está na manutenção da alta do petróleo. Isso pode provocar um impacto grande no balanço da companhia ao final do ano.
(AGNALDO BRITO)
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