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MONOPÓLIO
Companhia tem 90 dias para tornar o Windows compatível com programas de rivais; apelação será imediata
Juiz manda dividir a Microsoft em duas
CÁTIA LASSALVIA
DA REDAÇÃO
O juiz Thomas Penfield Jackson
determinou ontem a divisão da
Microsoft em duas companhias
rivais -decisão que causa uma
reviravolta nos 25 anos de história
da maior fabricante mundial de
programas para computador e
um dos símbolos do sucesso empresarial norte-americano.
A Microsoft, considerada culpada de violar o "Sherman Antitrust
Act", lei norte-americana de proteção à concorrência, deve ser dividida ao meio como forma de
romper a sua ação monopolista e
estimular a concorrência no setor
de softwares.
O juiz Jackson acatou na íntegra
a proposta de sanção contra a
companhia que havia sido apresentada pelo governo e por 17 dos
19 Estados norte-americanos que
a processam.
A decisão de ontem põe fim à
primeira etapa do processo que
começou em 1998. A partir de
agora, a Microsoft deverá recorrer
a uma das Cortes de Apelação dos
Estados Unidos ou diretamente à
Suprema Corte, que pode inocentá-la da acusação ou confirmar o
veredicto e as penas.
Decisão planejada
O juiz Jackson fez questão de
deixar clara a sua convicção ao
anunciar a sanção contra a empresa. Segundo ele, a pena era necessária, pois a "Microsoft havia
dado provas de sua prática desleal
no passado, não mostrando nenhuma atitude séria para romper
essa tendência".
Segundo pessoas ligadas a Jackson, ele teria ficado irritado com a
insistência da Microsoft em reafirmar sua inocência, mantendo
seu marketing diante dos consumidores e do Poder Público.
O processo, que havia começado pelas evidências de que a empresa forçava a venda casada de
seu sistema operacional Windows -presente em 95% dos
computadores pessoais- e de
seus programas, mudou no mesmo ritmo característico do mercado de softwares.
Já havia evidências de que a empresa estaria usando seu monopólio para forçar a venda casada
também de seu navegador para a
Internet, o Explorer, o que tornou
evidente, para o juiz Jackson, que
a companhia não estaria disposta
a rever as suas práticas.
A decisão de ontem entra para a
história empresarial do século,
pois pede o desmantelamento de
uma megaempresa que começou
em 1975, com três funcionários e
faturamento anual de US$ 16 mil.
O que acontecerá
Jackson determinou que a Microsoft seja dividida em duas novas empresas, que possam ser caracterizadas como rivais, atuando
em um mesmo setor.
A primeira delas, que será responsável pelo desenvolvimento e
comercialização do sistema operacional Windows, deve começar
a sua nova vida com faturamento
de US$ 10 bilhões.
A outra, que cuidará dos softwares e dos programas para Internet, tem um faturamento atual de
cerca de US$ 13 bilhões.
Jackson determinou que a Microsoft apresente seu plano de divisão em quatro meses -até o dia
7 de outubro- e que passe a adotar novas medidas comerciais até
7 de setembro.
As novas relações comerciais
abrangem principalmente a compatibilização do Windows com
softwares de empresas rivais, o
que deve ser obtido por meio da
abertura do código-fonte do programa. A empresa também ficará
impedida de forçar vendas casadas com fabricantes de equipamentos e terá de rever parcerias.
Desfecho ainda é incerto
A Microsoft já avisou que vai
apelar o mais breve possível e que
pedirá a suspensão das penas até a
decisão final.
A empresa pode apelar a uma
Corte de Apelação, recurso anterior à Suprema Corte, ou poderá
tentar uma apelação direta à instância maior, já que o caso pode
ser qualificado como "de relevância nacional".
Assim que a Microsoft apelar, a
acusação tem um prazo de 15 dias
para pedir que o processo passe
direto à Suprema Corte, o que tornaria o caso mais rápido. Jackson
encorajou a acusação a fazer essa
solicitação, que poderá ser aceita
ou não pela Suprema Corte.
De acordo com Jackson, as restrições comerciais da empresa devem durar três anos, se o pedido
de cisão for mantido em instâncias superiores. Se a divisão não
ocorrer, as restrições devem ser
mantidas por dez anos.
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