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TRABALHO
Central vai pressionar para que débitos sejam pagos; Força Sindical minimiza problema e culpa dificuldades econômicas
Sindicatos devem quitar dívidas, diz CUT
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) vai pressionar seus
sindicatos em débito com a Previdência Social para que quitem
suas dívidas. A Força Sindical
avalia que a prática de não repassar o desconto previdenciário dos
funcionários ao INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social) não é
generalizada e que as entidades
podem ter atrasado o repasse por
dificuldades financeiras.
A decisão da CUT foi tomada
após a Folha mostrar, em reportagem publicada no domingo,
que 304 sindicatos devem R$ 65,1
milhões à Previdência. Dos 304
sindicatos, 79% representam trabalhadores e profissionais liberais. A lista de sindicatos devedores consta do site do INSS
(www.previdencia.gov.br/devedores/).
"Vamos verificar quantos sindicatos filiados à CUT estão devendo para o INSS e fazer pressão política para que paguem rigorosamente em dia os direitos de seus
trabalhadores", afirma João Felício, secretário-geral da CUT.
Felício diz que a central já orienta os sindicatos para que cumpram a lei. "É inaceitável uma entidade não pagar os direitos dos
empregados. Seremos rigorosos."
Na avaliação de Felício, o sindicato perde a legitimidade e a força
para representar direitos de trabalhadores se viola os direitos de
seus próprios empregados. "O
sindicato que não cumpre a lei fica desmoralizado", afirmou.
Felício disse que irá definir com
Luiz Marinho, presidente da
CUT, uma forma de pressionar os
sindicatos devedores do INSS. "Se
um sindicato não age de acordo
com a lei, não pode assinar contratos com patrões."
Para o secretário-geral da Força
Sindical, João Carlos Gonçalves, o
Juruna, não são todos os sindicatos que devem à Previdência. "Alguns sindicatos às vezes passam
por dificuldades econômicas.
Mas também buscam soluções,
como a renegociação e o parcelamento de dívidas."
O sindicalista diz que a central
sindical não tem conhecimento
do orçamento de seus associados.
"Até porque isso não é prerrogativa das centrais", afirma Juruna.
"Espero que a reforma sindical
acabe com os sindicatos que não
pagam corretamente seus empregados. Como podem defender
suas categorias se devem para os
trabalhadores?", diz Sandra Lia
Simón, procuradora-geral do Ministério Público do Trabalho, que
participa, em Genebra, de uma
conferência da OIT (Organização
Internacional do Trabalho).
Para o secretário-geral da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil), Cezar Britto, o movimento
sindical se relaciona de uma forma "complexa e diferenciada"
com os seus empregados. "Embora sejam empregados do sindicato, são tratados como militantes."
Isso ocorre, segundo Britto, principalmente quando o sindicato
tem de conceder direitos aos seus
funcionários. "Nada justifica o
não-cumprimento de direitos. O
melhor argumento é dar o exemplo", afirma Britto.
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