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AUTOMÓVEIS
Número representa 20% dos operários nos Estados Unidos; empresa teve prejuízo de US$ 1 bi no 1º trimestre
GM quer cortar 25 mil empregos em 3 anos
DANNY HAKIM
JENNIFER BAYOT
DO "NEW YORK TIMES"
A General Motors disse ontem
que pretende cortar mais de 20%
de sua força de trabalho operária
nos Estados Unidos -cerca de 25
mil empregos- até o final de
2008. A ampla redução representa
a maior leva de cortes de empregos na GM desde 1992 e deverá
economizar cerca de US$ 2,5 bilhões por ano para a fabricante de
carros em dificuldades, segundo a
companhia.
Enfrentar esses custos "será um
desafio e um incômodo, mas é
claro que não enfrentá-los causará um risco significativo para a
viabilidade da empresa em longo
prazo", disse aos acionistas o presidente e principal executivo da
GM, Rick Wagoner, na reunião
anual da companhia.
O futuro da maior fabricante de
carros do mundo e da indústria
automobilística americana tornou-se cada vez mais nebuloso
nos últimos meses. As fracas vendas de carros e caminhões, especialmente de veículos esportivos
utilitários, de alta margem de lucro, causaram prejuízos de US$
1,1 bilhão no primeiro trimestre
-o pior resultado em 13 anos e
um choque para os investidores.
"Registramos um desempenho financeiro inaceitável", disse Wagoner ontem.
Desde então, duas das três
maiores agências de classificação
de crédito reduziram os papéis da
dívida da companhia para a classificação de "junk" (investimento
de alto risco) pela primeira vez, e
as ações da GM foram negociadas
em seu mais baixo nível em 12
anos, enquanto as vendas continuam estagnadas. Kirk Kerkorian, o especulador corporativo,
também começou a comprar lotes de ações da companhia.
"Se tivéssemos a oportunidade
de refazer os últimos cinco anos,
provavelmente teríamos pensado
um pouco mais em que cada produto fosse diferente e tivesse a
chance de fazer sucesso, e um
pouco menos em expansão das linhas de modelos", disse Wagoner, que é executivo-chefe da GM
há cinco anos.
Os investidores não pareceram
assustados com o anúncio de ontem e as ações da GM subiram
1,4%, ou US$ 0,43, para US$ 30,85,
no pregão da tarde na Bolsa de
Nova York.
No entanto, Wagoner ouviu
muitas queixas de acionistas e ativistas sobre as dificuldades que a
companhia enfrenta na reunião
de ontem.
Além disso, a profundidade dos
problemas da empresa e a extensão de sua capacidade excedente
poderão exigir mais cortes, disse
Kevin Tynan, principal analista
de automóveis da Argus Research. Ele estimou que a companhia tem fábricas e pessoal para
produzir mais de 6 milhões de
veículos na América do Norte,
mas produziu apenas 5 milhões
em 2004.
"Esses 25 mil são uma espécie
de medida simbólica na direção
certa, mas não chegam nem perto
do que acabará acontecendo, ou
terá de acontecer", disse Tynan.
Wagoner não quis dizer quantas fábricas serão fechadas como
parte dos cortes de empregos. Para evitar a perspectiva de greves, a
GM deverá convencer a UAW
(sindicato de trabalhadores automobilísticos) a aceitar sua proposta.
O sindicato concordou que a
GM fechasse várias fábricas em
suas negociações contratuais com
a companhia em 2003. O atual
contrato do sindicato com a GM,
a Ford e a Chrysler expira em
2007.
"Nós trabalhamos muito proativamente com o sindicato nesse
tipo de questão", disse Wagoner.
"Vamos trabalhar com eles e encontrar uma solução que funcione para eles e para nós."
Saúde
A companhia também está
atuando de maneira agressiva para reduzir os gastos com assistência à saúde dada aos funcionários,
mas Wagoner disse que ainda não
chegou a um acordo com o sindicato de trabalhadores automobilísticos. "Para ser franco, não tenho certeza absoluta de que vamos chegar", afirmou.
Ele não quis dizer o que acontecerá se as negociações fracassarem. "De qualquer maneira, está
absolutamente claro que precisamos atingir uma redução significativa em nossa desvantagem nos
custos de assistência à saúde, e rapidamente", disse Wagoner.
Paul Krell, um porta-voz da
UAW, não quis fazer comentários, mas disse que o sindicato faria uma declaração ainda ontem.
A GM emprega atualmente 111
mil trabalhadores em suas fábricas de montagem e de peças nos
Estados Unidos.
Os cortes de empregos planejados são um golpe para a economia da região centro-oeste dos
EUA, especialmente para o Estado do Michigan, que tem um dos
maiores índices de desemprego
do país e vem lutando para compensar os problemas da indústria
automobilística doméstica.
Wagoner disse ontem que a GM
pretende gastar mais US$ 1 bilhão
neste ano, assim como no próximo, ou cerca de US$ 8 bilhões por
ano, para desenvolver novos carros e caminhões, sobretudo na
América do Norte, e produzi-los
mais rapidamente. Esses veículos
devem ser vendidos por seus méritos, e não depender de grandes
descontos, disse Wagoner, prometendo "diminuir a ênfase para
incentivos ao longo do tempo".
A companhia também disse que
está avaliando uma série de opções de reestruturação para sua
divisão financeira, a General Motors Acceptance Corporation, para aliviar o custo de emprestar dinheiro agora que a GM foi classificada abaixo do nível de investimento por duas das três maiores
agências de crédito.
Tradução de Luiz Roberto
Mendes Gonçalves
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