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Greenspan faz alerta sobre a alta do preço do petróleo
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O ex-presidente do Fed (BC
dos EUA), Alan Greenspan, puxou nova rodada de previsões
pessimistas quanto ao futuro
da economia americana. Na
manhã de ontem, em sua primeira audiência no Congresso
em Washington fora do posto
que ocupou por 18 anos, disse
que a alta do petróleo começa a
afetar a economia do país, e que
os consumidores serão os mais
prejudicados.
"Os EUA foram capazes de
absorver o grande imposto implícito da alta dos preços do petróleo até agora", disse ele.
"Mas dados recentes indicam
que podemos finalmente estar
sofrendo algum impacto." O
depoimento ocorreu dois dias
depois de seu sucessor, Ben
Bernanke, ter expressado preocupação com a inflação em discurso que derrubou bolsas e
moedas no mundo inteiro.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês)
bateu em 3,5% nos últimos 12
meses nos EUA, ante 1,9% no
mesmo período em 2003. A taxa de juros básicos da economia está em 5%, depois de 16 altas consecutivas de 0,25%, iniciadas em agosto de 2004. O
Fed se reúne de novo nos dias
28 e 29 deste mês, e uma nova
alta é dada como certa.
"A economia americana tem
sido capaz de absorver o alto
impacto dos preços crescentes
do petróleo com poucas conseqüências até o momento porque se tornou mais flexível nas
últimas três décadas", disse
Greenspan. "As empresas aumentaram a produtividade de
seus trabalhadores para manter seus lucros, mas os consumidores não puderam compensar a alta".
Greenspan, que abriu uma
empresa de consultoria e prepara-se para escrever sua biografia com o auxílio de um jornalista, destacou ainda o viabilidade do álcool como um potencial substituto da gasolina.
O "Maestro", como ficou conhecido, falava do combustível
derivado da cana-de-açúcar,
que tem no Brasil um dos principais produtores, e não do derivado de milho, feito pelos fazendeiros dos EUA.
A avaliação em relação à inflação de Greenspan encontrou
eco no presidente do Fed de
Atlanta, Jack Guynn, segundo o
qual o BC americano não permitirá que o índice saia do controle. "Temos de acompanhar
com muito cuidado e não baixar a guarda", disse. Sua opinião ganha peso porque ele é
um dos membros votantes do
Comitê Federal de Mercado
Aberto (FOMC, na sigla em inglês), que decide com Bernanke
o aumento dos juros.
"Não vou pessoalmente correr o risco de que parte do aumento nos preços seja transitória e sumirá a curto prazo", disse Guynn "É mais difícil colocar
o gênio de volta na garrafa [no
sentido de reverter a tendência] se permitirmos que a inflação saia do nosso controle."
Já o Fed da Filadélfia divulgou resultado de estudo em que
a previsão de inflação dos EUA
para 2006 subiu para 3,3%, ante previsão anterior de 2,9%. O
Livingston Survey é feito duas
vezes por ano e ouve 44 economistas do mercado financeiro,
de universidades e de grandes
empresas.
Já o FMI publicou relatório
sobre a economia americana na
qual afirma que o país continua
sendo a principal força de crescimento global, apesar da alta
do petróleo, dos danos causados pela temporada de furacões
de 2005 e da crescente alta de
juros, mas demonstra preocupação com o déficit comercial e
com a pressão inflacionária.
"Apesar de a previsão ser positiva, o desafio será manter o
curso entre uma possível diminuição de atividade causada pelo desaquecimento do mercado
imobiliário e as prováveis pressões inflacionárias causadas
pelo baixo índice de desemprego e a alta do petróleo", conclui
o texto.
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