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PAC tem 29 projetos de infra-estrutura parados
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Obras paradas por recomendação do TCU (Tribunal de
Contas da União), atrasos nos
processos de licenciamento
ambiental e demora na desapropriação de terrenos são os
entraves mais comuns a 29 projetos da área de infra-estrutura
logística do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento),
lançado em janeiro deste ano
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Todos sofrem problemas na sua execução ou não
foram iniciados.
Estudo inédito da consultoria Macroplan obtido pela Folha mostra que obras em atraso, fora do cronograma ou que
enfrentam algum "desafio"
(eufemismo usado pela Casa
Civil na identificação dos problemas) estão orçadas em R$
31,4 bilhões. A cifra corresponde a 54% do valor total dos projetos de infra-estrutura logística do plano oficial de fomento à
economia.
Estão nesse bolo obras de
melhoria, duplicação e conservação de rodovias; construção e
retirada de gargalos de ferrovias; modernização de portos e
ampliações de aeroportos.
Se levados a cabo dentro dos
prazos estabelecidos, tais projetos serão capazes de superar
as principais barreiras do país
na área de transporte, diz Claudio Porto, sócio da Macroplan.
"Ainda estaríamos muito distantes de outros países, mas já
seria um grande avanço. Um
dos maiores entraves é justamente a questão logística. São
gargalos que travam o crescimento, aumentam os custos e
diminuem a competitividade
do produto brasileiro", diz.
Quase intransponíveis
Feito a partir de dados do primeiro balanço do PAC, o estudo revela, no entanto, que os
obstáculos são muitos -em alguns casos, quase intransponíveis. Talvez a situação mais grave seja a do aeroporto de Vitória, no Espírito Santo, cujas
obras estão paralisadas desde
que o TCU identificou problemas nas contratações.
O tribunal também localizou
indícios de irregularidades nas
obras dos aeroportos de Congonhas, de Brasília e do Galeão.
Esses projetos sofrem atraso,
pois têm de ser enquadrados
nas recomendações do TCU,
que viu possíveis práticas irregulares nos contratos da Infraero (um dos alvos de CPI do
setor aéreo).
Entre outras supostas irregularidades, foram identificados problemas como o uso de
modalidade indevida de licitação, exigências exageradas para
comprovação de capacidade
técnico-operacional das empresas e limitação da participação de companhias em consórcio, segundo o TCU.
Incapacidade de gestão
Licenças ambientais em
atraso e processos demorados
de desapropriação de terras são
os obstáculos mais comuns no
caso das rodovias.
Já as ferrovias e os portos enfrentam problemas nas áreas
ambiental, fundiária e também
na definição da modelagem financeira do projeto -ou seja,
há dificuldade para obter financiamento. Para Porto, a incapacidade gerencial é um dos principais entraves à boa execução
das obras do PAC.
Segundo ele, faltam sistemas
informatizados de gerenciamento e controle e gerentes exclusivos para cada projeto. "Só
assim a coisa anda. Cada projeto tem de ter um dono."
Funcionava desse modo no
plano Avança Brasil, executado
durante o governo Fernando
Henrique Cardoso (95-2002) e
mais modesto do que o PAC de
Lula. Eram 42 projetos, e o índice de execução, diz Porto, superou os 60%.
Comparadas com as da iniciativa privada, as práticas de
gestão no setor público são "infinitamente" piores, segundo o
especialista. Ainda assim, no
Brasil a situação é mais grave
do que em outros países, pois
há uma carência muito grande
de padronização de procedimentos e regras.
"Se somente 60% a 70% do
Programa de Aceleração do
Crescimento sair do papel, já
será um feito muito grande [para o país]", diz ele, já prevendo
que muitos projetos serão
abortados diante das inúmeras
dificuldades encontradas para
a sua execução.
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