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Déficit do setor de eletrônicos cresce 27%
Saldo do primeiro quadrimestre fica negativo em US$ 4 bilhões; queda de exportação de celulares é maior influência
Telefonia foi também a área que teve a maior alta nas compras externas; para economista, dado aponta perda de competitividade
SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O déficit da balança comercial de eletroeletrônicos aumentou 27% nos primeiros
quatro meses deste ano, segundo a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica). O saldo do primeiro quadrimestre ficou negativo
em US$ 4,07 bilhões, resultado
da redução das exportações,
que somaram US$ 2,84 bilhões
e do aumento das importações,
de US$ 6,91 bilhões.
A maior queda nas vendas externas ocorreu no setor de telefonia, com as exportações de
aparelhos celulares caindo 21%
no quadrimestre, de US$ 863
milhões para US$ 679 milhões.
Os dados da Abinee dão indícios de que o setor tenha trocado a produção interna pelas importações, já que o segmento de
telecomunicações também foi
o que mais aumentou as compras. O crescimento foi de
35,4% nos quatro primeiros
meses de 2007, totalizando
US$ 507,3 milhões.
Para a economista-chefe do
Banco Espírito Santo de Investimento, Sandra Utsumi, essa
redução mostra a perda de
competitividade do segmento.
Entre os fatores, estão a queda
do dólar e os custos de produção na Zona Franca de Manaus.
"Os empresários dizem que a
zona franca não compensa, devido aos custos logísticos, e boa
parte das fábricas de telefones
está instalada lá", diz.
Esse custo, segundo ela, é influência determinante na queda da produção e das exportações de um produto como os
celulares, que não têm grande
margem para elevar preços. A
produção de material eletrônico, aparelhos e equipamentos
de comunicações acumula queda de 11,73% de janeiro a abril,
segundo o IBGE.
"A indústria tem que produzir modelos cada vez melhores,
sem grande variação nos preços. Para muitas, vale mais produzir na Ásia, onde têm unidades", afirma a economista.
Também houve queda na exportação de componentes para
telecomunicações (-27%) e refrigeradores (-6%) até abril.
Mas houve segmentos em
que as exportações aumentaram: aqueles ligados à produção, como automação industrial (15%), componentes (17%)
e geração, distribuição e transmissão de energia elétrica
(19,6%). Segundo Utsumi, o resultado mostra que o setor está
se beneficiando dos investimentos em infra-estrutura.
Além das telecomunicações,
a alta de 13,3% das importações
brasileiras de eletroeletrônicos
até abril foi puxada pelo segmento de informática, que vendeu 77,5% a mais que no mesmo período de 2006.
Os produtos que mais tiveram aumento nas importações
foram os semicondutores
(56%) -entre eles os microprocessadores e os microcontroladores, destinados à área de informática- e outros equipamentos de informática (33%).
Para Sandra Utsumi, o crescimento das vendas é conseqüência da redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que barateou o
preço dos computadores populares. "É por isso que há tanta
oferta [de computadores] no
mercado", diz Utsumi.
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