São Paulo, sexta-feira, 08 de junho de 2007

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Prefeito contrário ao Wal-Mart é alvo de ação

Ministério Público acusa administrador de Londrina de se aliar a varejista local para impedir chegada de rede dos EUA

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O Ministério Público do Paraná ingressou com ação civil pública contra o prefeito de Londrina, Nedson Micheleti (PT), o secretário municipal de Obras, Aloysio Crescentini de Freitas, e o grupo Irmãos Muffato por crime de improbidade administrativa. Eles são acusados, em ação em fase de notificação na 3ª Vara Cível de Londrina, de se aliarem para impedir que o grupo americano Wal-Mart se instalasse na cidade.
Na denúncia do promotores Renato de Lima Castro e Leila Schimiti Voltarelli, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, o prefeito e o secretário de Obras aparecem em uma "parceria do público com o privado" com o grupo Irmãos Muffato na "violação aos princípios de livre concorrência e livre iniciativa".
O grupo Irmãos Muffato, proprietário da Rede de Supermercados Super Muffato, é acusado de improbidade administrativa por ter sido diretamente beneficiado "pelos atos dos agentes públicos".
Os promotores evocaram o artigo 3º da Lei de Improbidade, segundo o qual ela é aplicável "àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta".
Os promotores sustentam que ficou claro que atos, projetos de lei e medidas administrativas de Micheleti e de Freitas tinham o "propósito de garantir uma reserva de mercado para o grupo Irmãos Muffato".
Os promotores enumeram na denúncia situações que, na avaliação deles, mostrariam que o grupo Irmãos Muffato e a Wal-Mart receberam tratamento diferente para situações idênticas, com o propósito de beneficiar o grupo paranaense.
1) Em 2003, quando o grupo Wal-Mart anunciou o interesse em uma área em Londrina, o prefeito decretou o terreno de utilidade pública e anunciou que a empresa não se instalaria na cidade para não promover prática comercial predatória.
2) Quando o decreto foi anulado pela Justiça, o prefeito estabeleceu um perímetro urbano em que se proibiam construções comerciais com área superior a 1.500 m2.
3) A mesma lei não foi observada para autorizar a construção de unidade do Super Muffato, com 16 mil m2.
Procurada, a Wal-Mart disse que não comentaria o caso.


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