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Pessimismo sobre economia dos EUA derruba Bolsas
Com expectativa de que Fed adie para 2008 redução nos juros, investidor foge de ações e procura títulos do governo, de risco zero
Taxa de retorno de papéis do Tesouro supera 5%; mau humor pode ofuscar otimismo no Brasil após redução da Selic para 12%
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os juros dos títulos de dez
anos do Tesouro dos EUA ultrapassaram ontem, pela primeira vez desde agosto de
2006, a barreira de 5% ao ano.
A alta se deve à expectativa de
que o Federal Reserve (o BC
dos EUA) adie para 2008 eventual redução nas taxas no país.
O rendimento alto dos títulos
públicos americanos, considerados de risco zero de calote,
provocou ontem uma verdadeira fuga de recursos alocados em
renda variável -com ganho de
mais de 5% ao ano, esses papéis
competem com algumas ações,
especialmente as de novas empresas. O resultado foi o terceiro dia de baixa seguida nas Bolsas americanas.
O aumento dos juros dos títulos americanos se acentuou
no final da tarde, quando o analista Bill Gross, da Pimco, afirmou que, pela primeira vez em
25 anos, o mercado de bônus
caminha para altos ganhos.
Considerado uma lenda no
mercado de renda fixa dos
EUA, Gross acredita que o juro
dos títulos do governo americano de dez anos possa chegar a
6,5% entre três e cinco anos.
Até então, ele via um teto de
5,5% no juros desses papéis.
Durante a tarde, os títulos de
dez anos do Tesouro americano foram negociados com retorno de 5,13%, mas encerraram o dia a 5,099% -em março,
ainda estavam em 4,6%.
As ações mais prejudicadas
foram as de novas empresas,
várias delas negociadas na Nasdaq, que recuou 1,77%.
A Bolsa de Nova York, que na
semana passada bateu novos
recordes, teve desvalorização
de 1,48% no índice Dow Jones e
de 1,76% no S&P 500. Foi a
maior baixa desde 13 de março,
quando Wall Street foi derrubada pelos temores de quebra
no setor imobiliário por conta
de empréstimos de alto risco.
Em três dias de baixa, o Dow
Jones perdeu 410 pontos -3%.
As Bolsas de Valores européias também fecharam em
queda ontem. Essa foi a quarta
sessão consecutiva de recuo
nas ações européias.
O índice de principais ações
européias, o FTSEurofirst 300,
caiu 1,1%. Em Londres, a queda
foi de 0,27%, em Frankfurt, de
1,44%, e em Paris, de 1,46%.
Novos dados
A quinta-feira trouxe ainda
novos dados que atestam pressão inflacionária potencial na
economia americana. Os pedidos de seguro-desemprego, indicador que funciona como
uma prévia da taxa de desemprego, recuaram pela segunda
semana seguida. O dado foi recebido como sinal de mercado
de trabalho forte apesar do desaquecimento na economia.
Os estoques no atacado cresceram bem abaixo do esperado,
indicando expectativa menor
de consumo. O Wal-Mart reportou vendas fracas em suas
lojas com menos de um ano, e
empresas do setor imobiliário
também tiveram perdas.
No mercado de câmbio, a
perspectiva de juros altos nos
EUA neste ano levou o dólar a
alta em relação ao euro, que foi
negociado a US$ 1,3428 -valorização de 0,57%.
Brasil
O mau humor nos mercados
americanos deve ofuscar hoje o
otimismo com a queda da taxa
Selic para 12% ao ano.
O que mais chamou a atenção dos analistas foi o placar de
5 votos a 2 pela redução nos juros -a expectativa era uma decisão mais apertada. Apesar do
pessimismo internacional, hoje
será dia de ajustes no mercado
brasileiro, especialmente nos
juros longos negociados na
BM&F (Bolsa de Mercadorias
& Futuros).
O título brasileiro Global 40,
o papel de maior liquidez entre
os países emergentes, foi negociado ontem com juros de 6%
ao ano, pela primeira vez desde
13 de fevereiro, também por
conta do aumento do retorno
dos títulos americanos. O risco-país brasileiro permaneceu em
146 pontos, mesmo valor do dia
anterior.
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