São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Investimento puxa produção da indústria

Crédito do BNDES alavanca o setor de máquinas e equipamentos, que tem o melhor desempenho em quatro anos

Empréstimos do banco estatal ao segmento crescem 34,6% no primeiro quadrimestre; produção aumenta 30,1% em abril


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Se a indústria, por um lado, dá sinais de arrefecimento neste ano, a categoria de bens de capital lidera a expansão e indica forte aumento do investimento no país, revelam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) obtidos pela Folha.
Impulsionada pela forte confiança dos empresários e pelo avanço do crédito a empresas, a produção de bens de capital subiu 1,6% ante março e 30,1% ante abril de 2007. É o melhor desempenho desde agosto de 2004, segundo o IBGE.
Tal expansão é sustentada, em parte, pelo crédito do BNDES, principal financiador de projetos de longo prazo e de máquinas e equipamentos do país. De janeiro a abril, os empréstimos do banco estatal subiram 34,6% e totalizaram R$ 6,9 bilhões.
Dados preliminares do BNDES indicam ainda que os financiamentos de máquinas e equipamentos se aceleraram em maio, quando saltaram 47% ante o mesmo mês de 2007. Alcançaram R$ 2,5 bilhões no mês passado. Em abril, o total havia sido de R$ 1,7 bilhão.
A boa notícia é que o crescimento abrange todos os setores: agricultura (alta de 39,3% de janeiro a abril), indústria (41%) e infra-estrutura (35,6%) -este último concentra a maior parte dos financiamentos à aquisição de máquinas e equipamentos (R$ 3,9 bilhões), segundo o BNDES. "O investimento cresce puxado pela confiança dos empresários de que a demanda continuará aquecida. Isso se traduz na produção de bens de capital, que é também beneficiada pela alta do crédito. Uma das principais fontes é o BNDES", diz Isabela Nunes, gerente da pesquisa industrial do IBGE.

Aquecimento
Pelos dados do BNDES, o financiamento de todos os segmentos de bens de capital está aquecido. Os destaques são as indústrias química e petroquímica, a agricultura e a agroindústria (inclui açúcar e álcool) e o transporte terrestre -puxado pela alta forte no crédito à compra de caminhões.
Segundo Claudio Bernardo Guimarães de Moraes, superintendente da Área de Operações Indiretas, a maior confiança dos empresários e a expansão do mercado interno de consumo resultam na alta dos investimentos em máquinas e equipamentos.
Diferentemente do previsto, diz, o aumento das taxas de juros futuras (provocado pela perspectiva de novas altas da Selic) não afetou ainda a produção e as vendas de bens de capital. "Pensamos que isso fosse inibir o setor e afetar seu desempenho, mas isso não aconteceu. Pelo contrário, há um cenário de aceleração."
Para Bernardo, o bom desempenho dos financiamentos do banco se reflete na produção de bens de capital e sinaliza a expansão da base produtiva do país.
"A taxa de crescimento de abril, acima de 30%, é muito robusta. É a melhor sinalização possível. Mostra que a produção está crescendo e com um perfil muito bom. Indica que há capacidade de crescimento do investimento sem grandes pressões de demanda e conseqüentemente de inflação", diz o economista Sérgio Vale, da MB Associados.
Para Bernardo, o desempenho da produção de bens de capital e dos financiamentos ao setor tendem a se manter ou até mesmo se acelerar até o final deste ano. O BNDES estima emprestar até R$ 25 milhões em 2008, com crescimento de 30% ante 2007.


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