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Investimento puxa produção da indústria
Crédito do BNDES alavanca o setor de máquinas e equipamentos, que tem o melhor desempenho em quatro anos
Empréstimos do banco estatal ao segmento crescem 34,6% no primeiro quadrimestre; produção aumenta 30,1% em abril
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Se a indústria, por um lado,
dá sinais de arrefecimento neste ano, a categoria de bens de
capital lidera a expansão e indica forte aumento do investimento no país, revelam dados
do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) e do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) obtidos pela Folha.
Impulsionada pela forte confiança dos empresários e pelo
avanço do crédito a empresas, a
produção de bens de capital subiu 1,6% ante março e 30,1%
ante abril de 2007. É o melhor
desempenho desde agosto de
2004, segundo o IBGE.
Tal expansão é sustentada,
em parte, pelo crédito do
BNDES, principal financiador
de projetos de longo prazo e de
máquinas e equipamentos do
país. De janeiro a abril, os empréstimos do banco estatal subiram 34,6% e totalizaram R$
6,9 bilhões.
Dados preliminares do
BNDES indicam ainda que os
financiamentos de máquinas e
equipamentos se aceleraram
em maio, quando saltaram 47%
ante o mesmo mês de 2007. Alcançaram R$ 2,5 bilhões no
mês passado. Em abril, o total
havia sido de R$ 1,7 bilhão.
A boa notícia é que o crescimento abrange todos os setores: agricultura (alta de 39,3%
de janeiro a abril), indústria
(41%) e infra-estrutura (35,6%)
-este último concentra a
maior parte dos financiamentos à aquisição de máquinas e
equipamentos (R$ 3,9 bilhões),
segundo o BNDES. "O investimento cresce puxado pela confiança dos empresários de que
a demanda continuará aquecida. Isso se traduz na produção
de bens de capital, que é também beneficiada pela alta do
crédito. Uma das principais
fontes é o BNDES", diz Isabela
Nunes, gerente da pesquisa industrial do IBGE.
Aquecimento
Pelos dados do BNDES, o financiamento de todos os segmentos de bens de capital está
aquecido. Os destaques são as
indústrias química e petroquímica, a agricultura e a agroindústria (inclui açúcar e álcool)
e o transporte terrestre -puxado pela alta forte no crédito à
compra de caminhões.
Segundo Claudio Bernardo
Guimarães de Moraes, superintendente da Área de Operações
Indiretas, a maior confiança
dos empresários e a expansão
do mercado interno de consumo resultam na alta dos investimentos em máquinas e equipamentos.
Diferentemente do previsto,
diz, o aumento das taxas de juros futuras (provocado pela
perspectiva de novas altas da
Selic) não afetou ainda a produção e as vendas de bens de capital. "Pensamos que isso fosse
inibir o setor e afetar seu desempenho, mas isso não aconteceu. Pelo contrário, há um cenário de aceleração."
Para Bernardo, o bom desempenho dos financiamentos
do banco se reflete na produção
de bens de capital e sinaliza a
expansão da base produtiva do
país.
"A taxa de crescimento de
abril, acima de 30%, é muito robusta. É a melhor sinalização
possível. Mostra que a produção está crescendo e com um
perfil muito bom. Indica que há
capacidade de crescimento do
investimento sem grandes
pressões de demanda e conseqüentemente de inflação", diz o
economista Sérgio Vale, da MB
Associados.
Para Bernardo, o desempenho da produção de bens de capital e dos financiamentos ao
setor tendem a se manter ou
até mesmo se acelerar até o final deste ano. O BNDES estima
emprestar até R$ 25 milhões
em 2008, com crescimento de
30% ante 2007.
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