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Analistas ainda divergem sobre recuperação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diagnóstico governista segundo o qual a recessão já foi
superada não é consensual entre os analistas.
"Os sinais ainda não estão
claros. Há valorização, por
exemplo de ações e commodities [produtos primários de exportação], que indica expectativa de recuperação, mas não há
melhora expressiva de indicadores como emprego e investimento, que têm correlação
muito maior com a reversão de
um ciclo [recessivo]", avalia
Paulo Picchetti, da FGV.
No comitê criado pela fundação, pretende-se apontar recessões por critérios mais sofisticados que a simples ocorrência
de dois trimestres seguidos de
queda do PIB, como faz o americano NBER (sigla em inglês
para Departamento Nacional
de Pesquisa Econômica).
Pelo mesmo princípio, a simples expansão da economia em
um trimestre não seria suficiente para indicar uma recuperação. Devem ser levados em
conta indicadores como o nível
de emprego, de renda, a produção industrial e agrícola, as vendas do comércio.
"Vai depender do comportamento da indústria e da renda
para termos essa configuração
de saída da recessão de fato. Isso significa que talvez devamos
considerar o segundo trimestre
ainda como recessivo", diz Sérgio Vale, da MB Associados.
De origem incerta, a regra
dos dois trimestres não faz parte da teoria econômica, mas
historicamente tem se mostrado eficiente -as recessões assim apontadas têm sido confirmadas pelas análises mais
aprofundadas. No entanto, para especialistas, os índices de
queda trimestral do PIB podem
mostrar uma intensidade desproporcional da crise.
Luiz Fernando Lopes, do Pátria Investimentos, acredita ser
esse o caso da atual recessão
brasileira. "Parece uma recessão terrível, mas ela não existe
fora da indústria e dos setores
dependentes de crédito", afirma, citando, entre outros dados, a massa salarial, que não
sofreu as perdas como as observadas em recessões anteriores
no Brasil, e a inflação, cuja queda foi muito inferior às ocorridas nas economias do mundo
desenvolvido.
"Nós estamos vendo uma recuperação e deveremos ter
crescimento de 2,5% no segundo trimestre deste ano [na
comparação com o primeiro]",
projeta, otimista, Bráulio Borges, da LCA.
(GP)
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