São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009

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Analistas ainda divergem sobre recuperação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diagnóstico governista segundo o qual a recessão já foi superada não é consensual entre os analistas.
"Os sinais ainda não estão claros. Há valorização, por exemplo de ações e commodities [produtos primários de exportação], que indica expectativa de recuperação, mas não há melhora expressiva de indicadores como emprego e investimento, que têm correlação muito maior com a reversão de um ciclo [recessivo]", avalia Paulo Picchetti, da FGV.
No comitê criado pela fundação, pretende-se apontar recessões por critérios mais sofisticados que a simples ocorrência de dois trimestres seguidos de queda do PIB, como faz o americano NBER (sigla em inglês para Departamento Nacional de Pesquisa Econômica).
Pelo mesmo princípio, a simples expansão da economia em um trimestre não seria suficiente para indicar uma recuperação. Devem ser levados em conta indicadores como o nível de emprego, de renda, a produção industrial e agrícola, as vendas do comércio.
"Vai depender do comportamento da indústria e da renda para termos essa configuração de saída da recessão de fato. Isso significa que talvez devamos considerar o segundo trimestre ainda como recessivo", diz Sérgio Vale, da MB Associados.
De origem incerta, a regra dos dois trimestres não faz parte da teoria econômica, mas historicamente tem se mostrado eficiente -as recessões assim apontadas têm sido confirmadas pelas análises mais aprofundadas. No entanto, para especialistas, os índices de queda trimestral do PIB podem mostrar uma intensidade desproporcional da crise.
Luiz Fernando Lopes, do Pátria Investimentos, acredita ser esse o caso da atual recessão brasileira. "Parece uma recessão terrível, mas ela não existe fora da indústria e dos setores dependentes de crédito", afirma, citando, entre outros dados, a massa salarial, que não sofreu as perdas como as observadas em recessões anteriores no Brasil, e a inflação, cuja queda foi muito inferior às ocorridas nas economias do mundo desenvolvido.
"Nós estamos vendo uma recuperação e deveremos ter crescimento de 2,5% no segundo trimestre deste ano [na comparação com o primeiro]", projeta, otimista, Bráulio Borges, da LCA. (GP)


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