São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009

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Cooperativa avança no mercado de crédito

Com fatia pequena, instituições se apoiam em profissionais liberais, e expansão supera o crescimento geral do setor

Cooperativismo prevê ativos na marca recorde de R$ 50 bilhões neste ano e quase 5 milhões de associados pelo Brasil

GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

Com a oferta de juros mais baixos como carro-chefe, cooperativas aproveitaram a retração no mercado de crédito no fim do ano passado para abrir espaço. Suas carteiras fecharam 2008 com crescimento de 36%, ante 28,2% de todo o sistema financeiro nacional.
Para este ano, o cooperativismo de crédito espera aumento da carteira 25% acima da expansão geral do mercado.
A expectativa é que as quase 1.500 cooperativas alcancem os 4.500 pontos de atendimento em dezembro (eram 4.182 no fim de 2008), com mais 600 mil associados -chegando a 4,8 milhões ao todo- e passem de R$ 50 bilhões em ativos, ante os R$ 44,5 bilhões do ano passado, quando as operações de crédito somaram R$ 21,8 bilhões e os depósitos, R$ 18,9 bilhões.
A fatia do cooperativismo no mercado de crédito é minúscula -apenas 2% do sistema financeiro nacional. A expectativa é chegar a 10% em cinco anos, lastreado principalmente em comércio e serviços.
A médica Denise Damian, presidente do sistema Unicred -que surgiu em 1988 e atualmente conta com 123 cooperativas-, afirma que a marca se expande na área da saúde. Não só entre seus colegas médicos, mas também com dentistas, enfermeiros, farmacêuticos e psicólogos.
Com carteira total de R$ 2,5 bilhões, a taxa média de empréstimo nas cooperativas é de apenas 2%.
A inadimplência é baixa. Gira em torno de 1,49%. Para ela, a sanção presidencial, em abril, da Lei do Cooperativismo de Crédito, vai ajudar a expandir os negócios.

"Na alegria e na tristeza"
O médico anestesiologista Nazareno de Paula Sampaio, presidente da Unicred Fortaleza, diz que a cooperativa atende "na alegria e na tristeza".
Ele explica: "O cooperado quer publicar um livro, gravar um CD, fazer uma exposição de pintura, nós financiamos e ajudamos no lançamento".
A cooperativa também auxilia quando o associado adoece ou num outro tipo de "sufoco". As linhas de crédito mais demandadas são financiamento de veículos, reforma e compra de equipamentos de consultório ou clínica, aquisição de imóveis e antecipação de contas a receber.
A Credisutri, por sua vez, abrange profissionais que trabalham nas entidades do Poder Judiciário e do Ministério Público da União. O presidente Miguel Oliveira afirma que a cooperativa tem 25 linhas de crédito. Para o cheque especial, a taxa está na casa de 6% ao mês. Empréstimo pessoal, de 3,5%.
Para Oliveira, a falta de "conhecimento do cooperativismo por parte da sociedade" é uma desvantagem.
Mais profissionais, em diversas áreas, poderiam se associar e se beneficiar do crédito mais em conta oferecido pelas instituições, afirma Oliveira.
Segundo Ademiro Vian, assessor sênior da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), como as novas cooperativas de crédito também têm de se submeter às diretrizes do Banco Central, o sistema ganha segurança.
"No cooperativismo, o crédito é o ramo que mais avançou em governança e gestão", diz Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras.
Vian, da Febraban, diz que as cooperativas oferecem crédito a juros mais baixos por não arcarem com uma série de custos, como o compulsório nos depósitos à vista e a tributação nas despesas operacionais.


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